O Vaticano anunciou a criação de um grupo de trabalho conjunto entre o Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) e o Dicastério para os Textos Legislativos, com o objetivo de analisar e propor medidas concretas para classificar o “abuso espiritual” como delito no Direito Canónico.
No documento publicado pelo DDF, assinado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, destaca-se que, apesar de o termo “falso misticismo” não estar formalmente codificado, é frequentemente usado para descrever crimes de abuso relacionados com fenómenos espirituais. A proposta surge no seguimento das Normas para Proceder ao Discernimento de Alegados Fenómenos Sobrenaturais, publicadas em maio, que classificam como “particularmente graves” os casos em que experiências místicas são utilizadas como pretexto para controlo ou abuso moral.
O texto sublinha que estas situações podem ser agravantes noutros crimes e propõe-se a introdução do conceito de “abuso espiritual”, considerado mais específico do que “falso misticismo”. O grupo de trabalho será liderado pelo arcebispo Filippo Iannone, Prefeito do Dicastério para os Textos Legislativos, e contará com especialistas indicados por ambos os dicastérios, trabalhando para concretizar esta tarefa com brevidade.
O documento lembra que o termo “falso misticismo” aparece em regulamentações sobre fenómenos sobrenaturais, como visões ou aparições, e refere práticas espirituais que distorcem a fé católica. A iniciativa foi aprovada pelo Papa Francisco.