Trabalhar ao domingo ou educar para novos hábitos

Criou-se a rotina de uma maioria de trabalhadores, sobretudo do setor privado, trabalharem ao Domingo. Do outro lado da moeda encontra-se uma classe de pessoas que usufrui deste dia e que o passa, pelo que me vou apercebendo, entre os shoppings ou outras lojas abertas ao Domingo e os supermercados.
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E se… todos os trabalhadores, quer do público quer do privado, trabalhassem ao Domingo?

Criou-se a rotina de uma maioria de trabalhadores, sobretudo do setor privado, trabalharem ao Domingo. Do outro lado da moeda encontra-se uma classe de pessoas que usufrui deste dia e que o passa, pelo que me vou apercebendo, entre os shoppings ou outras lojas abertas ao Domingo e os supermercados. 

É verdade que podem justificar a ida a estes locais, neste dia, por trabalharem durante a semana, mas o facto é que os supermercados e os shoppings procuram, precisamente, ter horários semanais que permitam às famílias, que se consigam organizar, fazerem as suas compras fora do seu horário laboral semanal.

Há dias, à conversa com alguns jovens trabalhadores e estudantes refletíamos sobre o facto de cada vez haver mais estabelecimentos a fecharem apenas um dia no ano: o dia 25 de dezembro! E constatámos parecerem revolucionários os estabelecimentos que fecham também no dia de Páscoa e no dia 1 de janeiro: três dias no ano!

Com o devido respeito por posição diversa, parece-me que “não devemos querer Deus para nós e diabo para os outros”. Estamos, assim o creio, a sacrificar sobretudo famílias e uma geração de jovens adultos que, muitas vezes, se vêm limitados na constituição da sua família e até mesmo a alarga-la, também pela dificuldade que têm em compatibilizar horários.

Acredito e defendo uma sociedade composta por uma maioria e não uma minoria de pessoas que possam usufruir dos Domingos em casa acompanhados de amigos; com tempo para usufruir do mar e da serra; com tempo para viver momentos espirituais em família. Vivemos numa altura em que o que devia ser exceção passou a ser a regra, com claro prejuízo para as famílias.

Com o devido respeito por posição diversa, parece-me que “não devemos querer Deus para nós e diabo para os outros”. Estamos, assim o creio, a sacrificar sobretudo famílias e uma geração de jovens adultos que, muitas vezes, se vêm limitados na constituição da sua família e até mesmo a alarga-la, também pela dificuldade que têm em compatibilizar horários.

Aliás, atrevo-me a dizer que nós cidadãos e, por maioria de razão, nós Cristãos deveríamos tomar uma posição mais assertiva e firme sobre a questão dos Domingos. Readquirir novos hábitos nesse campo. O que faço? Porque me considero, de facto, privilegiada, procuro não frequentar os shoppings, os supermercados ou outros espaços ao Domingo. Esta pequeníssima gota a mim faz-me sentido… Pensar desta forma pode soar a extremismo, não o entendo como tal… Pretendo, sim, ter o sonho de que com a minha pequena ação estou a contribuir para a defesa de um necessário debate político e social sério sobre esta questão, de modo a repensarmos, em conjunto, uma uniformização dos horários dos estabelecimentos, por setores de atividade, reflexão esta, se possível, isenta, neutral e pensada a partir da ideia de bem comum, de salus publica.

É verdade, o caminho de mudança de hábitos é difícil, mas confesso que, quanto a mim, não vejo grandes alternativas senão criar espaços e momentos para as famílias viverem e conviverem entre si, sem estarmos demasiado presos a uma lógica consumista. 

Porque não viver mais e melhor readquirindo novos hábitos que permitam o crescimento relacional uns com os outros de um modo mais humano, consciente, responsável e feliz? Indo ao encontro de uma felicidade menos egoísta e centrada no indivíduo enquanto consumidor, mas pensada também a partir do outro. Numa lógica de vida vivida a partir da ideia de “comunidade humanamente sustentável”. 

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