A situação em Moçambique atravessa um período crítico de instabilidade, segundo alerta D. Diamantino Antunes, bispo de Tete. O país enfrenta uma “grande tensão social” após as eleições de outubro de 2024, marcadas por protestos violentos e mortes devido à falta de transparência no processo eleitoral. Daniel Chapo, candidato da Frelimo, foi declarado vencedor com 65,17% dos votos, resultado contestado por observadores internacionais.
O cenário é agravado por desafios climáticos, com períodos alternados de chuvas intensas, secas e tempestades tropicais. A situação económica também preocupa, especialmente devido à gestão questionável dos recursos naturais e à corrupção generalizada, que o bispo descreve como um “cancro” penetrado em todos os âmbitos da sociedade.
Com mais de metade da população abaixo dos 18 anos, o desemprego jovem é particularmente preocupante. As oportunidades de trabalho são frequentemente limitadas por afiliações partidárias, gerando frustração entre os jovens. A Igreja Católica tem apelado ao diálogo e à reconciliação, enfatizando a necessidade de um novo acordo de paz que inclua todos os setores da sociedade.
A instabilidade atual prejudica a imagem do país como destino de investimento e compromete as celebrações dos 50 anos de independência. D. Diamantino Antunes, que está há 30 anos em Moçambique, defende que “ninguém pode estar fora da mesa de negociações” para resolver a crise atual.