Há uns dias atrás, foi lembrado o “dia do idoso”. Houve alguns destaques na comunicação social sobre o que se vai fazendo, ou quem se dedica em trabalho laboral neste ciclo da vida, que são os idosos, particularmente aqueles que estão institucionalizados, a quem nós chamamos “lar de idosos”.
Hoje praticamente todas as famílias procuram este recurso para o bem dos seus pais, a fim de terem uma velhice com alguma qualidade de vida, com cuidados e lazer, uma vez que a família não dispõe de tempo, devido à vida profissional, mas também como nos recorda o papa Francisco: “A solidão e o descarte dos idosos não são casuais nem inevitáveis, mas fruto de opções, políticas, económicas sociais e pessoais, que não reconhecem a dignidade infinita de cada pessoa”.
Estas instituições estão hoje bem preparadas, com bons técnicos, pessoal auxiliar, espaços devidamente preparados, atividades variadas, ou seja, tudo a pensar no utente que vai viver o resto da sua vida naquela casa que não é sua, mesmo com todas estas comodidades, muitos vivem na solidão.
Tudo isto é muito bom, mas falta o mais importante, a visita periódica da família, filhos, netos, sobrinhos, outros.
Faço a visita semanal a um lar, e nas conversas que tenho, ouço o desabafo daqueles que ali estão, e dizem, tenho muitas pessoas ao meu redor que fazem tudo para me fazer feliz, mas há muito que não tenho a presença daqueles que amo, e um dia servi.
A palavra servir, nos dias hoje não é entendida pela maior parte do cidadão. Todos defendem os seus direitos, mas rejeitam ou ignoram os seus deveres.
Quem ama serve. É o estar disponível para o outro, seja na família no trabalho, no grupo de amigos.
Quem serve dá um pouco de si, do seu tempo para fazer algo de útil como seja fazer um tempo de voluntariado, visitar um doente, um idoso, fazer companhia a quem está só, ou ajudar numa instituição como voluntário.
Numa visita semanal que fiz ao lar, fui ao quarto de um utente como é habitual todas as semanas, e naquele dia ele estava feliz porque a diretora do lar o tinha informado que os filhos o vinham buscar para ir à festa da aldeia. Já tinha pensado que não voltaria a ver a festa da sua aldeia, e recordava os momentos que viveu no passado e que agora tinha a oportunidade de voltar a ver, e conviver com todos de novo.
Durante a conversa foi-me dizendo o número de filhos, onde viviam o que faziam. Senti naquela pessoa algo diferente, uma transformação, talvez, como uma criança quando alguém lhe dá um brinquedo.
Na semana seguinte, fui de novo visitá-lo e perguntei-lhe: Então como correu a visita à aldeia?
Respondeu-me, não fui! não me vieram buscar.
Um apontamento para pensar.