A frase é parte da letra da música não me importo da cantora Carolina Deslandes.
Esta frase fez-me tanto sentido. Em tom de brincadeira, fez-se um plim na minha consciência.
Ocorreu-me o tema da violência doméstica (seja ela física, psicológica/emocional, patrimonial ou económica). O plim da minha consciência abriu-me uma série de pensamentos em que “via” o(a) agressor(a) a culpabilizar a vítima pelos seus atos de violência. Há frases de raiva do(a) agressor(a) que são tão comuns:
– Se tu não me tivesses irritado, eu não te batia (ex.º violência física)
– porque que é que não fizeste como eu te mandei, agora enervaste-me e parti-te o telemóvel (ex.º violência patrimonial)
– se tu fosses uma boa mulher/homem eu não gritava tanto contigo (ex.º violência física e psicológica)
– não te dou dinheiro porque tu gastas tudo, não te sabes orientar (ex.º violência psicológica e económica)
– Não vales nada, tens sorte em eu estar contigo (violência psicológica).
A lista é interminável, e devido a minha área de trabalho escuto estes exemplos “ao vivo”.
Colocar a responsabilização no outro face a um ato violento (gritar, bater, partir objetos pessoais, controlo monetário, …) é pura cobardia!
Voltando à música da Carolina Deslandes, fico preocupada quando as mulheres e homens deixam que a violência se perpetue nas suas relações…é com muita tristeza que os ouço dizer – “já não me importo”.
Ao longo destes anos de profissão apercebo-me que não é a escolaridade, não a idade nem o poder económico que faz a diferença para estas pessoas saírem de uma relação violenta. É sobretudo o seu amor-próprio e as relações saudáveis que criam à sua volta que as faz ver que o amor verdadeiro não é violento!