Há “mundos” com histórias azuis, histórias vermelhas e outros “mundos” amarelos e com muitas outras cores. Umas são historias felizes(verde), com principio, meio e fim e outras com atropelos (cor preto). Muitas são as histórias deste mundo e de outros “mundos”, nem sempre cor-de-rosa, mas sim de vidas com cores semelhantes.
São vidas de “mundos” desconcertantes, ora sem eira nem beira, ora sem regra e sem perspetiva. Frutos de vidas fáceis e difíceis, sem disciplina, sem noção, muitas vezes só há uma solução com instrução ou correção.
E, porque nem todas as histórias são iguais, porque não necessariamente tem de ser cinzentas ou cor de rosa, simplesmente são vidas (in)perfeitas. Apenas são histórias de vidas e “mundos”, que nascem de várias cores, apenas num mundo (in)explicado.
Porque hoje já nada… é (des)colorido ou (in)justificado, mas sim e muito (in)compreendido. Vejamos, como por vezes, são as cores da vida de outros ”mundos” que, nos fazem sentir e pensar.
Escolhemos o azul e sem querer acertamos, levámos na mão a Sagrada Família, doce esperança e compreensão, tão somente a nossa vontade e prontidão.
Deixemos -nos refletir nas escolhas e atitudes de alguma juventude e adolescência que muitas vezes nos levam a (re)pensar.
A visita propriamente dita
Pouco faltava para a hora marcada, o dia apresentava-se soleiro. Íamos a meio da tarde e o combinado era no final do dia começar.
Éramos apenas dez, o novo padre já lá estava, estávamos todos bem dispostos e tínhamos agendado a visita aos mais de 200 jovens (reclusos) visitar.
O sol era tépido, apenas amornava as árvores, todo o ambiente estava afável, o vento soprava ligeiro, mas o frio parecia querer apertar. Havia no ar a alegria do Natal, a esperança num prenúncio de surpresa, fazer a Boa Nova chegar. Estávamos todos sorridentes, bem-dispostos, e aos poucos fomos criando o grupo dos corajosos juntar.
No caminho, os nossos passos ansiosos, logo se foram (des)concertando e desprendendo.
As pressas eram agora mais serenas, pois ainda tínhamos que esperar.
Havia um compasso descompensado, que não se explica, mas tranquilizava.
Eram quadrículas, gaiolas, eram e são espaços geometrizados. São apenas janelas compartimentadas.
E ali parecia que o tempo parava, e havia o silêncio, apenas era quebrado quando de algures soltam-se os gritos e os chamados nos faziam arrepiar.
Lá do alto da cidade, a distância entre os pavilhões não é grande, chamam-lhes “Confiança”, “OBS” A e B, “Simples” A e B, até parece que são outros planetas, ou cosmos de que estamos a falar.
Dividimo-nos por cinco grupos de dois e logo fomos alertados, para a regras cumprir, pois estaríamos sujeitos e perigos podiam surgir.
Aos poucos, juntamente com as refeições, as portas dos pavilhões abriam, e íamos entrando na medida que a segurança era possível. Porque os guardas eram e são poucos, estavam de greve e nem em todos os jovens eles podem confiar.
Lá dentro, nas alas em sequência as portas das celas começaram a abrir, a relinchar, uma a uma a ressoar, aqueles barulhos a entoar, é mesmo de não lembrar.
Os rostos, a espreitar, esses um a um iam surgindo, entre sorrisos abertos, tímidos ou espantados, os alheados queriam-nos sensibilizar. Uns a medo, outros a refilar, todos desprovidos de medos ou reservas para nos impressionar.
Mas nós apenas fomos visitar, estender a mão e cumprimentar.
Num olhar rápido e fugaz percebeu-se a mágoa e a revolta que alguns nos queriam afirmar.
As lembranças que levávamos debaixo dos braços eram apenas da família para simbolizar, um carinho, um doce, mas principalmente levar com grande significado, a mensagem de que o melhor está para vir e vem para ficar.
A esperança num futuro melhor, a confiança de que tudo vai ficar bem, pois tudo o que desejamos é que tenham saúde, paz e confiança num Deus maior, no universo, em Cristo, nosso mestre ACREDITAR. Confiança num recomeço, num perdão, num novo sentido à vida. E nunca os bons conselhos devemos ignorar.
De regresso a casa, já pela noite, de volta aos nossos lares, nunca foi tão bom relembrar que somos felizes, e com muito ou pouco valor a dar, o melhor é muita compaixão a todos desejar.
Porque por dentro estávamos todos a tilintar, o nosso coração a bater, mas nunca a desmoronar, pois é grande a nossa missão de encorajar.
Afinal era Natal, era dia de alegrar.