Reflexão da vigararia das Colmeias para a conversão pastoral da Diocese

1 – No contexto do caminho sinodal que estamos a fazer e segundo o seu sentir, o que é que Deus hoje nos está a pedir, tanto a nível pessoal como comunitário (paróquias e suas comunidades), no que diz respeito à missão de evangelizar, celebrar a fé e exercer a caridade? 

Vários membros da nossa vigararia refletiram sobre esta primeira questão e as respostas vão neste sentido:
• Sentimos que Deus nos pede uma fé viva e disponível para aceitar os novos desafios que vão surgindo.
• Pede-nos que assumamos a nossa missão de batizados e que colaboremos, a nível individual e comunitário, com a missão da nossa Igreja.
• Pede-nos, a padres e leigos, desinstalação e abertura aos novos desafios e às novas realidades, respondendo ao apelo do Papa Francisco, à luz do Evangelho, de sermos uma Igreja missionária, em saída, não fechada em si mesma.
• Pede-nos que assumamos a missão evangélica, que desde sempre nos pediu: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16,15).
• Pede-nos que não fiquemos agarrados ao «sempre foi assim»; que saibamos respeitar os outros e ser solidários.
• Pede-nos que saibamos testemunhar a fé; que nos entreguemos generosamente no serviço da igreja e dos irmãos, segundo as capacidades e os dons de cada um.
• Pede-nos que saibamos e queiramos celebrar a fé e viver com alegria o Mistério Pascal; que acreditemos no que não vemos, seguindo os ensinamentos da Igreja, que é testemunha fiel.
• Pede-nos que saibamos, com a Igreja, viver a Caridade e a Misericórdia e que não sejamos pessimistas e, assim, facilmente influenciados pelo mundo que nos rodeia e pelas dificuldades que se apresentam.
• Pede-nos, assim, uma maior presença, participação e ação nestas três dimensões da Missão da Igreja: evangelização, celebração e exercício da caridade.
• O Senhor pede-nos o que sempre nos pediu: estarmos juntos e irmos ao encontro uns dos outros, principalmente de quem está mais afastado.
• Pede-nos, também, enquanto comunidades vivas e ativas, uma maior organização a nível paroquial e vicarial; pede-nos, assim, estruturas de apoio ao dinamismo da missão a estes níveis.
• Pede-nos formação para todos os agentes de pastoral e que haja uma distribuição organizada e coerente de funções, tanto a nível paroquial como a nível das unidades pastorais, para não sobrecarregar ninguém.
• Pede-nos uma maior abertura à novidade e às características dos tempos atuais, para um também maior acolhimento das novas respostas pastorais que a Igreja deve procurar dar.
• Pede-nos maior humildade e até silêncio da nossa parte, sem partirmos sempre para julgamentos de quem está de fora.
• Pede-nos um maior cuidado e atenção aos que nos rodeiam, privilegiando a dimensão caritativa do ser Igreja.
• Pede-nos mais oração, mais contacto e familiaridade com a Palavra de Deus.
• Pede-nos para que seja dada mais “liberdade” aos fiéis para a espontaneidade, inclusive na celebração da Eucaristia (por exemplo, na oração dos fiéis, na apresentação dos dons e no momento pós-comunhão…).
• Pede-nos para estarmos dispostos a dizer “sim” e a assumir um compromisso na Igreja, o que parece cada vez mais difícil hoje em dia, devido ao comodismo.
• Pede-nos para não termos medo de convidar para momentos de oração e reflexão. Também em relação aos jovens, pede-nos para os convidar a aparecer, a estar mais presentes nos momentos comunitários e a realizar atividades.
• Pede-nos para criar um “movimento” de acompanhamento mais solidário, do doente, do idoso ou de quem está só, na realização das tarefas do dia-a-dia (por exemplo, ir à mercearia, à farmácia ou à Missa). Poderia haver uma “bolsa de voluntários” que se disponibilizem a isto.
• Pede-nos para investirmos na proximidade. Apesar de se terem dado grandes passos nos últimos anos, mas podemos ainda fazer mais.
• Pede-nos renovação. Temos que nos preparar para uma realidade diferente. Sair da nossa zona de conforto, usar mais as novas tecnologias, arranjar estratégias para cativar os fiéis, e ir ao encontro do Homem e da Mulher, de hoje. Seria importante criar a Pastoral do Acolhimento.
• Pede-nos, quanto à caridade, ainda que os membros da Conferência de S. Vicente de Paulo e outros grupos sociocaritativos continuem empenhados em fazer mais e melhor, que se procurem mais colaboradores, privilegiando os jovens, ainda que não seja fácil conseguir.

2 – Sendo as unidades pastorais uma oportunidade para nos tornarmos mais e melhor Igreja, qual deverá ser o nosso primeiro passo para podermos concretizá-las?

Vários membros da nossa vigararia refletiram sobre esta segunda questão e as respostas vão neste sentido:
• O ser «mais e melhor Igreja» é um princípio que deveria estar já impresso na identidade dos cristãos católicos, mas muitos não vivem este dinamismo de crescimento e constante conversão que a fé impõe por si mesma.
• Vive-se, atualmente, uma forma de ser Igreja muito estagnada, acomodada, sem perspetiva de mudança.
• As reações às mudanças são muito variadas: há, e ainda bem, quem as aceite, não por estar conformado com a realidade atual da falta de padres, mas por sentir ser inspiração do Espírito Santo. Contudo, há leigos que reagem negativamente às mudanças, porque não querem perder o que têm; e padres que reagem negativamente e não apoiam e nem promovem a mudança, porque estão cansados e não querem os conflitos habituais de quando se propõe algo novo.
• Para a criação das unidades pastorais é preciso que todos, padres e leigos, estejam disponíveis à conversão pastoral e à procura das soluções.
• É certo que surgirão dificuldades, porque uma grande parte dos católicos não aprofundou a sua pertença à Igreja e não se preocupa em crescer na fé; para estes, a Igreja e os Sacramentos pertencem à lista das tradições e, por isso, «mudar para quê, se sempre foi assim?».
• Portanto, segundo as dificuldades que se apresentarão, o povo das nossas comunidades cristãs deve ser informado e consciencializado desta nova «realidade pastoral» e da necessidade de avançar para a sua concretização.
• É preciso ter-se em conta as afinidades sociais, culturais e religiosas com paróquias vizinhas, bem como das distâncias físicas que as separam.
• É preciso formação específica para os diversos setores da pastoral e procurar encontrar pessoas disponíveis e de boa vontade para abraçar esta causa.
• É necessário verificar a viabilidade e adesão da existência dos grupos que constituem a unidade pastoral, pois poderá ser controversa.
• É preciso evangelizar, catequizar e esclarecer, aproveitando as assembleias dominicais.
• Face à falta real de sacerdotes, de facto, parece não restar outras alternativas. Contudo, pode haver dificuldade e indiferença da parte de muitos, mas um passo importante terá de ser o da aproximação da Igreja à comunidade.
• Padres e leigos têm de ter atitudes de acolhimento e humildade para mostrarem, pelo seu exemplo, que estão ao serviço de todos e estão disponíveis para os crentes, não crentes e indiferentes. O acolhimento é essencial.
• É imprescindível assumir o modelo de Jesus Cristo na Sua ação evangelizadora, saboreando e deixando penetrar a Sua Palavra no coração. Deixar o apego a modelos antigos e ultrapassados.
• É preciso ter uma atitude de saída para as periferias, partir ao encontro de quem está afastado, sem julgamentos nem sentimentos de superioridade. O gesto de Jesus de lavar os pés aos discípulos é um sinal fortíssimo desta que deve ser também a postura da Igreja no mundo.
• É preciso trabalhar a comunidade para que seja possível a unidade. Corre-se o risco da perda de identidade paroquial. A criação de um Conselho Pastoral Paroquial é urgente para que a vida paroquial seja dinamizada.
• É preciso uniformizar alguns procedimentos nas diversas paróquias, pois por vezes são tão diferentes.
• É preciso dar a conhecer aos leigos onde e em que papel são e serão importantes no futuro da Igreja e da comunidade. Consciencializar as pessoas do que se espera delas, no sentido de colaborarem ativamente na comunidade.
• É preciso haver leigos que possam ir já assumindo alguns serviços, nomeadamente aqueles que são consensualmente aceites e reconhecidos nas suas capacidades pela comunidade.
• É preciso abrir caminho para o Diaconado permanente.

3 – Segundo a sua experiência, na área geográfica da Diocese onde vive, tendo como critérios a afinidade geográfica e social, cultural e religiosa e os dinamismos locais que possam ser oportunidades pastorais, com que paróquias se poderia criar uma unidade pastoral?

Na opinião de vários membros da nossa vigararia, para a criação de unidades pastorais é importante a proximidade geográfica, com tradições, hábitos e cultura similar e também há de ter-se em conta outras realidades da vida, por exemplo a escola e o trabalho, em que as pessoas, tanto adultos como jovens e crianças, se cruzam. Em resposta a esta terceira questão, coloca-se, então, como hipótese, a criação das seguintes unidades pastorais:

três paróquias – um pároco:
• Vermoil, Meirinhas e Carnide.
• Albergaria dos Doze, São Simão de Litém e Memória.
• Albergaria dos Doze, São Simão de Litém e Vermoil.
• Bidoeira, Colmeias e Memória.
• Bidoeira, Colmeias e Boa vista.
• Espite, Matas e Cercal.
• Espite, Matas e Memória.
• Colmeias, Memória e Boa vista;
• Colmeias, Memória e Meirinhas

5 ou 6 paróquias – 2 párocos (in solidum):
• Albergaria dos Doze, São Simão de Litém, Vermoil, Meirinhas, Colmeias e Memória.
• Espite, Matas, Cercal, Gondemaria, Olival e Urqueira.
• Albergaria dos Doze, São Simão de Litém, Espite, Matas, Urqueira e Casal dos Bernardos.
• Albergaria dos Doze, Memória, Espite, Matas, Cercal e Caranguejeira.
• Caranguejeira, Colmeias, Memória, Espite, Matas e Cercal.
• Carnide, Meirinhas, Vermoil, São Simão de Litém e Albergaria dos Doze
• Carnide, Meirinhas, Vermoil, Colmeias, Memória, eventualmente Santa Eufémia e Boa Vista
• São Simão de Litém, Albergaria dos Doze, Espite, Matas, eventualmente Gondemaria e Cercal
• Carnide, Meirinhas, Vermoil, Colmeias e Memória
(Tem-se consciência, no entanto, que estas são apenas sugestões que não têm em conta a viabilidade das mesmas. Tem-se ainda em conta que a concretização de cada uma dessas hipóteses requer sempre que haja redução e mudança de alguns horários das celebrações dominicais.)

4 – Pelo que conhece das pessoas, dos grupos e das comunidades da sua paróquia, considera que há abertura para acolher esta proposta de conversão pastoral? Pressente alguma dificuldade mais séria em todo este processo?

Vários membros da nossa vigararia refletiram sobre estas últimas questões e as respostas vão todas neste sentido:
À primeira vista, parece que não há grande abertura para esta conversão pastoral, mas o motivo principal é a falta de conhecimento sobre o como se fará esta integração pastoral entre as paróquias. Como dificuldades apontam-se:
• o envelhecimento da população;
• dificuldades na abdicação dos “costumes”, “tradições”, etc.;
• a constituição de um fundo económico único, que não se sabe ainda como funcionará;
• o modo de funcionamento dos encontros de trabalho; teme-se que sejam necessárias muitas reuniões e muitas deslocações para além do território da própria paróquia;
• as pessoas mais descrentes precisam ganhar confiança na Igreja e isso depende do testemunho de todos, porque todos somos Igreja;
• as nossas paróquias têm um grande peso histórico e de tradição; por isso, esta proposta tem que ser muito bem explicada e não deve dar a ideia de extinção ou supremacia de uma sobre outras; deve-se avançar, mas com diálogo e envolvimento não só da comunidade cristã, mas de toda a sociedade.
• há pessoas muito apegadas à sua Igreja, infraestruturas que a serve, e não veem de muito bom agrado virem a ser inseridas noutras comunidades, porventura naquela(s) de que se autonomizaram e “libertaram”, e com quantos sacrifícios.
• Teme-se que o pouco, se venha a perder a nível de participação paroquial.
• Há quem não aceite intromissões vindas de fora na sua vida religiosa sem amplo debate.
Constata-se, no entanto, que apesar das dificuldades, há muito trabalho pela frente e este deve ser encarado com espírito de missão. É hora de os leigos assumirem a sua missão.
A necessidade de unidades pastorais é uma realidade. Todos se apercebem que há menos sacerdotes e que um bom número deles tem já alguma idade. É importante procurar soluções. Mas há também leigos acomodados…
A pastoral vocacional não pode ser descuidada.
As novas gerações precisam de uma igreja mais viva, mais dinâmica e com novas respostas e não de uma igreja que empurra para a frente o mais difícil e cumpre unicamente o que tem de ser feito.
Os sacerdotes deverão estar mais disponíveis para aquilo que é específico da sua missão: Eucaristia, Confissão, atendimento e acompanhamento pessoal e espiritual, condução da comunidade, como pastores do rebanho, etc.
Haverá sempre quem seja contra, mas estes são os mesmos que não procuram soluções. Se formos uma igreja viva, que celebra com alegria a presença de Cristo, o Bom Pastor, certamente surgirão novas vocações sacerdotais e diaconais, no seio da nossa Igreja de Leiria-Fátima.
A mentalidade vai começando a mudar, mas há ainda um grande apego à proeminência do papel do sacerdote e a ritmos comunitários instalados há muito. Espera-se alguma dificuldade de aceitação, por exemplo, das celebrações da Palavra ao Domingo, da visita pascal realizada por leigos e das prováveis alterações de horários das celebrações, quando a paróquia vier a fazer parte de uma unidade pastoral.
Terá de existir equidade entre as paróquias, sem que uma se sobreponha relação a outra. A escolha dos representantes no Conselho Pastoral da unidade tem de respeitar os dinamismos de todas as paróquias.
As pessoas estão mal-habituadas e ainda exigem muito a presença do sacerdote em qualquer atividade e em muito da vida comunitária. Ter Fátima aqui ao lado talvez não tenha ajudado a que este caminho de reorganização começasse mais cedo na Diocese, pois frequentemente se recorreu a congregações religiosas para suprir a falta de sacerdote nas paróquias para as celebrações.
Mesmo assim, já existe abertura da parte das pessoas que não existia há uns anos. Há quem pense que seria bom haver uma progressividade e que estas mudanças não acontecessem “de um dia para o outro”, para se irem entranhando e se ir estando mais atento. Pensa-se que haverá resistências e o risco de o afastamento das pessoas ser ainda mais acentuado. Contudo, este é o caminho: estranha, mas depois entranha.

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