1 – No contexto do caminho sinodal que estamos a fazer e segundo o seu sentir, o que é que Deus hoje nos está a pedir, tanto a nível pessoal como comunitário (paróquias e suas comunidades), no que diz respeito à missão de evangelizar, celebrar a fé e exercer a caridade?
Deus pede-nos para estarmos dispostos a dizer “sim” e a assumir um compromisso na Igreja, o que parece cada vez mais difícil hoje em dia, devido ao comodismo.
Não ter medo de convidar para momentos de oração e reflexão, que deveriam ser mais. Também em relação aos jovens, convidá-los a aparecer, a estar mais presentes nos momentos comunitários e a realizar actividades.
Criar um “movimento” de acompanhamento do vizinho mais solitário, doente ou idoso, na realização das tarefas do dia-a-dia (por exemplo, ir à mercearia, à farmácia ou à missa). Haver uma “bolsa de voluntários” que se disponibilizem a isto.
Investir na proximidade. Apesar de se terem dado grandes passos nos últimos anos, com um maior à vontade entre a comunidade e o sacerdote, podemos ainda fazer mais.
2 – Sendo as unidades pastorais uma oportunidade para nos tornarmos mais e melhor Igreja, qual deverá ser o nosso primeiro passo para podermos concretizá-las?
O primeiro passo deveria ser trabalhar a comunidade e só depois a unidade, porque haverá o risco de perdermos alguma personalização. É urgente a criação de um conselho pastoral paroquial que dinamize a vida da paróquia.
Ir-se já uniformizando alguns procedimentos nas diversas paróquias, pois por vezes são tão diferentes…
Dar a conhecer aos leigos onde e em que papel são e serão importantes no futuro da Igreja e da comunidade. Consciencializar as pessoas do que se espera delas, no sentido de colaborarem ativamente na comunidade.
Haver inclusive leigos que possam ir já assumindo alguns serviços, nomeadamente aqueles que são consensualmente aceites e reconhecidos nas suas capacidades pela comunidade.
Será a Igreja possível, não sabemos se será a melhor…
3 – Segundo a sua experiência, na área geográfica da Diocese onde vive, tendo como critérios a afinidade geográfica e social, cultural e religiosa e os dinamismos locais que possam ser oportunidades pastorais, com que paróquias se poderia criar uma unidade pastoral?
A) Carnide, Meirinhas, Vermoil, São Simão de Litém e Albergaria dos Doze (ou seja, as paróquias do concelho de Pombal que pertencem à Diocese de Leiria-Fátima)
B) Carnide, Meirinhas, Vermoil, Colmeias e Memória
4 – Pelo que conhece das pessoas, dos grupos e das comunidades da sua paróquia, considera que há abertura para acolher esta proposta de conversão pastoral? Pressente alguma dificuldade mais séria em todo este processo?
Não será fácil porque as pessoas estão mal habituadas e ainda exigem muito a presença do sacerdote em qualquer actividade e em muito da vida comunitária. Ter Fátima aqui ao lado talvez não tenha ajudado a que este caminho de reorganização começasse mais cedo na Diocese, pois frequentemente se recorreu a congregações de padres religiosos para suprir a falta nas paróquias.
Mesmo assim, já existe outra abertura da parte das pessoas que não existia há uns anos. Seria bom que houvesse uma progressividade e que estas mudanças não acontecessem “de um dia para o outro”, para se irem entranhando e se ir estando mais atento. Haverá resistências e há o risco de o afastamento das pessoas ser ainda mais acentuado, mas este é o caminho.
Há ainda o perigo de alguma das paróquias tentar ter um papel mais importante na unidade pastoral. Terá de existir equidade entre elas.
Dentro das mesmas, pode não ser pacífica a escolha dos representantes no conselho pastoral da unidade.