Editorial Rede 8

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Na semana transata, um dos jornais nacionais trouxe à estampa uma série de trabalhos sobre situações de abuso de menores por parte de alguns ministros ordenados da Igreja do nosso país.

Nessas investigações que, curiosamente também eram assinadas por um jovem jornalista da nossa Diocese e com provas dadas no jornalismo ligado à religião, eram postos a nu alguns episódios que fazem corar de vergonha qualquer cristão. Talvez agora se perceba que nada acontece apenas aos outros e, senti-lo na “nossa casa”, faz-nos perceber ainda melhor a dimensão dos escândalos e a sua gravidade.

Na última peça da série, uma infografia apresentava os dez casos que a Conferência Episcopal tinha investigado, distribuídos pelas respetivas dioceses. A nossa Diocese não verificou até à data nenhum caso com que se pudesse preocupar, mas nem por isso deixará de estar atenta de forma especial a este tipo de crimes — porque é de crimes que se trata — e de dar a resposta mais adequada.

E é para ajudar a responder e a reagir a estes escândalos que o Papa Francisco se reune, a partir de hoje, com representantes das conferências episcopais de todo o mundo. Já é conhecida a posição do Sumo Pontífice nesta matéria, e este é mais um passo, um importante passo, que se dá para assumir a gravidade do problema e, sobretudo, para dar instruções práticas que visem a proteção de menores na Igreja. A Igreja está, portanto, a fazer aquilo que deve fazer: adotar uma atitude proativa para a resolução deste flagelo.

A semana começou pela redução ao estado laical de um dos cardeais condenados por práticas de abusos a menores e isso é, por si, um exemplo do caminho a seguir. Para além da condenação expressa daqueles que, tendo responsabilidades no governo da Igreja, quebraram de forma irreversível o elo de confiança que devia existir, o trilho far-se-á naquilo que também é a própria realização do cristianismo: a proteção dos mais fracos, dos mais frágeis, dos mais desamparados, dos inocentes.

O próprio D. António Marto, no mais recente encontro com os jovens, era questionado acerca desta controvérsia e respondia assim:

— A Igreja é pecadora, somos todos pecadores… Mas isso não justifica os escândalos!

Portanto, os tempos são de mudança, são de reecontro com a raiz do cristianismo. O desafio é renovar a Igreja a partir de dentro, chamá-la de novo à santidade, colocar o Evangelho como verdadeiro manual de procedimentos:

Disse, depois, aos discípulos: «É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os causa! Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar, do que escandalizar um só destes pequeninos. (Lc 17, 1s)

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