A unidade que Cristo pretende para nós não extingue a nossa diversidade, mas transforma-a numa riqueza a ser partilhada. Quando Jesus rezou: “Que todos sejam um, como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti” (Jo 17,21), Ele deixou-nos um convite eterno a vivermos em comunhão tão profunda que as diferenças deixem de ser barreiras e se tornem dons preciosos.
O tema deste ano da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, «Crês nisto?» (João 11,26), leva-nos ao encontro entre Jesus e Marta, narrado no Evangelho de João 11,17-27. Lázaro, irmão de Marta, estava morto há quatro dias. Marta, num misto de dor e esperança, diz a Jesus: “Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.” (Jo 11,21-22).
Jesus responde à sua dor e, ao mesmo tempo, desafia a sua fé: “Eu sou a Ressurreição e a Vida, Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido viverá” (Jo 11,25-26). Depois, faz-lhe uma pergunta que atravessa os tempos: “Crês nisto?”
Esta pergunta é dirigida a todos nós. Não pede apenas uma resposta intelectual, mas um compromisso do coração. Acreditar nesta verdade significa confiar plenamente em Jesus ressuscitado, a fonte da nossa esperança. É viver uma fé que nos desafia a acolher a diversidade como reflexo do amor de Deus que nos une.
Quando Jesus nos pergunta: “Crês niso?”, confronta-nos com o centro da nossa fé. Crer não é só aceitar um conceito, é abrir o coração à comunhão que celebra a diversidade. Cada história, cada rosto e cada cultura refletem o Amor que nos une. A nossa fé, quando sentida plenamente, torna-se o alicerce de uma unidade que honra e celebra as diferenças.
Os centros de catequese de uma paróquia podem ser comparados aos ramos de uma árvore. Embora distintos, todos se alimentam da mesma raiz. Cada ramo, com a sua feição e missão, ajuda para o crescimento da árvore, possibilitando que floresça e dê frutos.
Em cada centro de catequese encontramos uma diversidade que enriquece: crianças, jovens, catequistas e famílias vindos de diferentes contextos culturais e sociais. Esta pluralidade é uma graça que amplia os nossos horizontes. Como os ramos de uma árvore, que se estendem em diferentes direções, mas se alimentam da mesma seiva, os centros de catequese encontram na partilha da missão a sua unidade.
Se os centros de catequese são ramos, as comunidades paroquiais são os galhos que se estendem para onde a vida brota de formas variadas. Movimentos, grupos e expressões de espiritualidade enriquecem a paróquia, mostrando que ela é um organismo vivo, onde a unidade é feita de harmonia, não de uniformidade.
Nas unidades pastorais, a paróquia deixa de ser uma ilha e torna-se parte de um vasto jardim. Tal como os ramos de uma árvore fazem parte do mesmo tronco, as paróquias juntas formam um todo que manifesta a beleza da diversidade reconciliada. Este jardim expressa a comunhão que se constrói na partilha, na colaboração e no reconhecimento dos dons que cada comunidade traz.
São Paulo ensina-nos: “É que como num só corpo, temos muitos membros, mas os membros não têm todos a mesma função, assim acontece connosco; os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros.” (Rm 12,4-5). Esta imagem lembra-nos que a unidade não anula as diferenças, mas celebra-as como parte de um todo maior. O jardim das unidades pastorais é um testemunho de que cada planta tem o seu lugar e papel insubstituíveis.
A diversidade nos centros de catequese é um reflexo do coração da Igreja. Somos uma família que se constrói integrando as diferenças e reconhecendo em cada história um fragmento da eternidade divina. Em contextos multiculturais, esta realidade desafia-nos a transformar o pluralismo numa verdadeira comunhão.
Nas unidades pastorais, onde diferentes paróquias se unem, esta diversidade resplandece como um sinal profético. A Igreja é chamada a ser uma casa de portas abertas, onde cada comunidade encontra o seu lugar num horizonte comum. As lideranças pastorais têm a missão de promover esta unidade, assegurando que a diversidade seja não só acolhida, mas celebrada como sinal do Reino de Deus.
Na catequese, moldamos o futuro da Igreja, tal como o oleiro molda o barro. É ali que crianças, jovens e famílias descobrem que a fé é mais do que doutrina: é encontro, relação e pertença. Uma catequese que considera as diferenças e estimula o diálogo torna-se um terreno fértil, onde a comunhão desabrocha sem fronteiras.
Quando crianças de diferentes culturas se encontram, aprendem a ver no outro um irmão. Quando as famílias participam juntas, descobrem que a sua diversidade está envolvida por um amor maior que as une. Na catequese, semeamos não só conhecimentos, mas relações que refletem o rosto de Cristo.
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos convida-nos a transformar diferenças em riqueza, fronteiras em pontes e distanciamentos em proximidade. Pequenos gestos, como uma oração partilhada, uma mesa comum ou uma decisão conjunta, ajudam a construir a unidade.
Na cruz de Cristo, contemplamos o exemplo perfeito de unidade: um amor que acolhe cada diferença e, no sacrifício, revela a beleza de estar em comunhão. Que esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos seja um convite para transformar as nossas comunidades e paróquias em espaços de acolhimento, onde as diferenças não nos afastem, mas nos unam.
São Paulo lembra-nos: ‘Não vos conformeis com este mundo, mas deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para discernir o que é a vontade de Deus: o que é bom, agradável e perfeito’ (Rm 12,2). Esta transformação começa no coração, quando aprendemos a olhar para o outro com os olhos de Cristo, vendo na diversidade uma riqueza que reflete o amor de Deus.Que o Espírito Santo nos inspire a construir pontes onde antes havia barreiras, a transformar distâncias em proximidade e a celebrar a vida em todas as suas formas. E que juntos possamos responder ao desejo de Jesus: Que todos sejam um. Porque, quando vivemos unidos, mostramos ao mundo que o amor de Deus está vivo em nós.