Profetas e semeadores de esperança

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Nota pastoral sobre o Ano da Vida Consagrada

 

 

Profetas e semeadores de esperança

† António Marto

Leiria, 21 de novembro de 2014,

memória da Apresentação de Nossa Senhora

Refª: CE2014B-009

O Santo Padre Francisco proclamou um “Ano da Vida Consagrada” para toda a Igreja com o tema e o lema seguintes: “A Vida Consagrada na Igreja hoje: Evangelho, Profecia, Esperança”. O referido ano iniciará no próximo dia 30, primeiro domingo do Advento, e encerrará em 2 de fevereiro de 2016, dia mundial do Consagrado.

Com esta iniciativa pretende-se, antes de mais, dar a conhecer melhor esta vocação específica e as variadas formas em que se realiza, iluminar as suas diversas dimensões, descobrir a sua beleza e realçar a sua importância e necessidade para a vida da Igreja e do mundo.

Que vocação?

De facto, todo o cristão é consagrado a Deus pelo batismo e, por isso mesmo, chamado a fazer da sua vida um dom generoso na família, no trabalho, no serviço aos outros, na edificação da Igreja de pedras vivas.

Todavia, já desde os princípios da Igreja, houve homens e mulheres cristãos de cada geração que escolheram consagrar a sua vida a Deus e aos irmãos de um modo especial através dos votos únicos de amor, de doação e serviço total, pleno e exclusivo, seguindo de perto a Jesus: são os conhecidos votos de virgindade, pobreza e obediência. Trata-se, pois, de uma vocação de especial consagração vivida de modo particular pelos religiosos e religiosas, pelos monges e monjas e por leigos e leigas consagrados que assim dão um testemunho especial do Evangelho do Reino de Deus nos vários âmbitos da vida.

Beleza e importância da Vida Consagrada: sinal, fermento e profecia 

Eis como o Papa Francisco exprime de modo sintético a beleza e a importância deste testemunho: “Totalmente consagrados a Deus, são totalmente entregues aos irmãos, para levar a luz de Cristo onde as trevas são mais espessas e para difundir a esperança nos corações abatidos. As pessoas consagradas são sinal de Deus nos diversos ambientes de vida, são fermento para o crescimento de uma sociedade mais justa e fraterna, são profecia de partilha com os pequenos e os pobres. Assim entendida e vivida, a vida consagrada aparece-nos como ela é realmente: é um dom de Deus, um dom de Deus à Igreja, um dom de Deus ao seu Povo! Cada pessoa consagrada é um dom para o Povo de Deus a caminho. Há tanta necessidade destas presenças que reforçam e renovam o empenho da difusão do Evangelho, da educação cristã, da caridade para com os mais necessitados, da oração contemplativa”.

A Igreja e o mundo precisam de homens e mulheres consagrados que vivam o Evangelho e sejam profetas e semeadores de esperança, testemunhas da proximidade de Deus, da sua misericórdia e compaixão sobretudo nas periferias existenciais das fragilidades e feridas de cada homem, de cada mulher, de cada família, dos sós, dos marginalizados e excluídos. Por isso mesmo precisamos de valorizar as experiências de vida consagrada e aprofundar o conhecimento dos diversos carismas.

Os próprios consagrados e consagradas são convidados a redescobrir e a tomar consciência da beleza do seguimento de Cristo segundo o carisma e a forma de vida a que foram chamados; e, além disso, a dar testemunho, sem complexos, da beleza e da alegria desta vida como sinal de humanidade plena.

Memória, paixão e esperança

Nesta linha se colocam os três objetivos específicos para este ano da vida consagrada: 1) fazer memória agradecida a Deus por este dom, pelas maravilhas de graça que Ele realizou em tantos homens e mulheres que ao longo de gerações ofereceram toda a sua vida a Jesus Cristo, ao seu Povo e aos mais necessitados; 2) viver o presente com paixão por parte dos consagrados e consagradas para revitalizar com nova frescura o seguimento de Jesus e a vocação ao próprio carisma e para testemunhar como é belo seguir Jesus na vida consagrada e mostrar esta beleza à Igreja e ao mundo; 3) abraçar com esperança o futuro que se apresenta com as suas dificuldades e as suas chances, sendo capazes de discernir os sinais e apelos de Deus para abrir caminhos novos, sem ficar prisioneiros das lamentações.

Novos desafios, opções novas

Perante novos desafios, atitudes e opções novas ou renovadas! O próprio Papa Francisco abre pistas: “Todo o carisma para viver e dar frutos está chamado a descentrar-se para que no centro esteja só Jesus Cristo. Não se pode guardar o carisma como uma garrafa de água destilada! Há que fazê-lo frutificar com coragem, confrontando-o com a realidade atual, com as culturas, com a história, como nos ensinam os grandes missionários dos nossos institutos”. Os novos tempos são cheios de desafios positivos, sobretudo o apelo a um dinamismo missionário, a promover a cultura da proximidade, do encontro, do acolhimento, da comunhão e da inclusão: o testemunho de uma Igreja em saída!

A vida consagrada nas suas múltiplas formas e no seu testemunho em tantas situações concretas da vida das pessoas e do mundo é uma riqueza ímpar para a Igreja, para as comunidades cristãs e para as famílias. Sem ela, a Igreja ficaria muito empobrecida. Quero desde já exprimir o meu profundo e vivo reconhecimento aos consagrados e consagradas presentes na nossa diocese de Leiria-Fátima pelo trabalho apostólico em diversas frentes, pelo seu testemunho de dedicação, pela sua oração de intercessão, pela sua colaboração e também pelas tantas provas de afeto para com a humilde pessoa do bispo.

Presença na Diocese

Na diocese de Leiria-Fátima, a vida consagrada está presente de várias formas: 79 comunidades religiosas masculinas e femininas, 3 sociedades de vida apostólica, 4 institutos seculares e ainda cerca de uma dezena de novas comunidades. A sua ação estende-se em várias frentes: oração, missões e evangelização, educação, acolhimento a peregrinos, caridade e cuidado de pobres, portadores de deficiência e doentes, atividade pastoral, desenvolvimento e difusão da espiritualidade, edição e venda de livros e artigos religiosos, etc. As comunidades estão presentes em esmagadora maioria em Fátima e parte delas colabora de vários modos com o Santuário de Fátima.

No sínodo diocesano (1995-2002) foi expresso um grande apreço pela vida consagrada. Nele foi aprovada esta orientação: “Para aumento e melhor expressão da comunhão com a Igreja diocesana, deve haver, por parte dos consagrados, um efetivo esforço de integração, e, por parte da Diocese, acolhimento e reconhecimento da especificidades dos carismas religiosos. A cooperação e a corresponsabilidade têm, no contexto da Diocese, o significado e a força de um apelo especial ao serviço generoso e diferenciado na mesma Igreja” (OS, 58; cf. 72). Faço também minhas estas palavras como um desafio a corresponder ao longo do presente Ano.

Visita pastoral

Em ordem a conhecer as comunidades dos institutos religiosos e seculares presentes na Diocese, manifestar o meu apreço e caridade de pastor e confirmar na fé e no apostolado os consagrados, anuncio que vou realizar uma visita pastoral a todas elas, ao longo de  2015-2016, a partir de janeiro próximo.

A visita incluirá um encontro com a comunidade, a celebração da eucaristia e, na medida do possível, a participação numa refeição fraterna. As marcações no calendário serão feitas pela secretaria episcopal em diálogo com as comunidades.

Outras iniciativas pastorais

A nossa diocese quer unir-se à Igreja universal para corresponder aos objetivos deste ano, para viver momentos especiais de encontro com os consagrados e promover a pastoral vocacional. Nesse sentido apresento algumas iniciativas e sugestões:

   Tempos fortes de âmbito diocesano:

 abertura solene com missa presidida pelo Bispo diocesano : sábado, 6 de dezembro, às 15h00, no Santuário de Fátima;

 visita pastoral do Bispo às comunidades de vida consagrada (institutos religiosos e seculares), acima referida;

– comemoração solene do dia dos consagrados no Santuário de Fátima, como é tradição (2 de fevereiro);

 presença do tema nos meios de comunicação social da Diocese, especialmente no jornal “Presente”;

– inclusão do tema no curso anual de formação permanente do clero com  a participação de consagrados;

 celebração conjunta anual do jubileu das vocações com casais, religiosas(os) e sacerdotes no âmbito da festa diocesana das famílias (17.05.2015);

– encerramento solene no dia dos consagrados no Santuário de Fátima, em 2 de fevereiro de 2016.

Além disto, recomendo aos párocos, aos serviços diocesanos, aos responsáveis de comunidades e aos movimentos apostólicos que tomem outras iniciativas de âmbito local ou sectorial. Por exemplo:

 ao nível das paróquias: aproveitar a presença ou visita  de comunidades religiosas ou institutos seculares em ordem ao testemunho vocacional; valorizar os jubileus de consagrados naturais ou presentes na paróquia…

 ao nível das comunidades de consagrados: poderão promover a iniciativa de “portas abertas”, isto é, oferecer a possibilidade de visitas de grupos de crianças, adolescentes ou jovens às comunidades, com um programa animado por elas; propor tempos de encontro, de descoberta, de oração; disponibilidade para ir às paróquias…

Caros irmãos e irmãs de vida consagrada da nossa diocese, mais uma vez vos significo o meu reconhecimento e a minha estima pessoal. Que Deus vos pague! Na expectativa da visita pastoral, também vos digo como S. Paulo: “Anseio por vos ver, para vos comunicar algum dom espiritual e assim vos fortalecer, ou antes, para, estando convosco, ser reconfortado pela fé que nos é comum, a vós e a mim”(Rom 1, 11-12).

Confiemos este ano da vida consagrada à intercessão da Virgem Maria, Rainha e Senhora dos consagrados. Que Ela nos acompanhe e conforte no caminho!

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