Em férias, ao regressar de peregrinação aos países do Báltico, esperava-me viagem interior pelo Portugal caseiro e profundo em tempo de velhice. Vou contar: o Irmão Augusto levou-me do aeroporto ao Carvalhal de Além (Pombal) a festas familiares de sobrinhos e pessoais, como aniversários e casamento. No dia 26 Missa de ação de graças pelos meus 96 anos de idade e por sobrinhos, amigos e idosos do lar. Que dons agradecer? Vida, batismo, 65 anos de sacerdote, mais de 30 mil missas celebradas, 88 anos da primeira comunhão e primeira peregrinação a Fátima, 83 anos de entrada nos Irmãos de S. João de Deus. Tudo no mês de agosto. Seguiu-se o almoço no Marujo. Dia 27, pelas margens do Zêzere, Barragem Santa Luzia rumo à Guarda a almoçar com um ex-aspirante colega do Ir. Augusto, Henrique José Martins Gouveia (de Gonçalo Bocas), autor de romance sobre a sua experiência de candidato. Houve paragem em Foz Côa no museu das gravuras a sonhar como viviam e escreviam os pré-históricos do Côa de há milhares de anos. Nem calculo como conseguem saber! E logo uma saída até Barca de Alva a admirar o terminal movimentado dos barcos do Douro que ali chegam do Porto e o parque de uma dezena de autocarros que vem de Espanha com turistas para descerem o rio até essa cidade; e agora com algumas peripécias por atalhos de terra entre quintas de vinhedos entre sebes, casarões, portões e um cão de guarda silencioso numa esquina. O labirinto foi tal que houve momentos de oração a pedir uma saída ao anoitecer. Alcançou-se S. João da Pesqueira para dormir em AL: em agosto foi sorte! No dia 28, tomado o café no Pinhão, carro pela estrada de beira-rio mais bela de Portugal até à Régua, de onde o nosso barco partiu às 10 horas rumo ao Porto com almoço a bordo e vistas maravilhosas à direita e à esquerda; dezenas de quintas por entre socalcos de verdes, vinhas e uvas a pedir alguma chuva suave e a colheita. Pausas para passar os paredões de duas barragens com a ajuda das eclusas: Carrapatelo, de 35 metros e a de Lever-Crestuma, de 12 metros de desnível. Grandes obras! Pelas 15.30 estávamos na Ribeira mergulhados nos turistas e oportunistas com honras de foto de welcome the greatest travellers oferecida no momento, já no jornal “Old Press Porto”, como de “entrevista às celebridades”. Tudo grátis. Uma visita à Feira do livro deu para ver o “Conto: dois Tripeiros e um Lisboeta à busca da alma do Porto” do autor (AG), publicado pela Chiado Books no I volume e à venda na feira. Procura-se missa de Santo Agostinho na igreja de Santo António, infelizmente, era tarde, e fechou minutos depois. Na estação de S. Bento admirámos os famosos azulejos e comemos sardinhas no boteco ao lado. O comboio devolveu-nos à Régua pelas 21 horas, a tempo de nos acolhermos a um AL de sistema digital com boas instalações, mas sem vermos o hospitaleiro. Ficaram sentimentos de privação. De manhã, rumo a Resende pela margem esquerda por estrada de dezenas de curvas, à falta da autoestrada panorâmica Gaia-Barca de Alva ainda por construir. Pela ponte reconstruida de Entre-os-Rios passámos à margem direita de beira-rio maravilhosa até Crestuma onde passámos à esquerda para alcançar Ovar e S. Jacinto com ferry de poucos minutos para, na Gafanha da Nazaré, saboreámos peixe fresco. Passámos novamente à restinga e por quilómetros à beira-mar, Mata Mourisca, Pombal e Litém, onde o meu motorista me entregou o carro para as minhas voltas e o levar para Lisboa, e tomou o comboio para se hospedar no hotel Gameiro do Entroncamento e o Aires foi jantar com os sobrinhos, e teve uma semana de cura de alimentos da horta e quintal, e de descanso, um casamento de sobrinha em Tentúgal, e ministérios de pároco na igreja paroquial de S. Simão e na Capela do Arnal, até 7 de setembro. Tudo com muitos encontros e refeições nos seis restaurantes familiares da rua. Fica para outras histórias. A solidão teve que se ausentar!