O Papa Leão XIV publicou esta quarta-feira a exortação apostólica Dilexi Te (“Eu amei-te”), o primeiro documento do seu pontificado, no qual destaca a importância da Doutrina Social da Igreja e a necessidade de reconhecer os pobres como protagonistas da mudança social e espiritual.
“A acelerada transformação tecnológica e social dos últimos dois séculos, cheia de trágicas contradições, não foi apenas sofrida pelos pobres, mas também por eles enfrentada e pensada”, escreve o Papa. “Os movimentos de trabalhadores, mulheres e jovens, assim como a luta contra a discriminação racial, levaram a uma nova consciência da dignidade daqueles que estão à margem.”
O texto retoma o trabalho iniciado por Francisco, falecido em abril, e propõe “olhar o mundo a partir das periferias”, reconhecendo nos pobres “uma inteligência específica, indispensável à Igreja e à humanidade”. Leão XIV, antigo missionário no Peru, evoca a tradição da Doutrina Social iniciada com Rerum novarum (1891), de Leão XIII, e continuada por João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, que reforçaram o compromisso da Igreja com a justiça social e a defesa dos direitos humanos.
Inspirando-se no magistério latino-americano, o Papa sublinha que a caridade cristã deve traduzir-se em ação concreta. “A esmola não isenta as autoridades das suas responsabilidades, nem substitui a legítima luta pela justiça, mas é um gesto de encontro e de partilha”, afirma, defendendo que o melhor auxílio é oferecer trabalho digno.
Com 121 pontos e 129 notas, a Dilexi Te recolhe quase 60 citações de Francisco e propõe uma leitura do amor aos pobres como critério de autenticidade evangélica. “Mesmo correndo o risco de parecer estúpidos, devemos fazer ouvir uma voz que desperte e denuncie as injustiças”, conclui Leão XIV.
Ler ‘Dilexi Te’: http://l-f.pt/QpeD
