O Papa Leão XIV evocou hoje, numa cerimónia celebrada na Capela Sistina, a figura do cardeal Iuliu Hossu, bispo greco-católico de Cluj-Gherla, que morreu durante o regime comunista na Roménia e foi beatificado em 2019, pelo seu testemunho de fé, resistência e solidariedade.
“No Ano Jubilar dedicado à esperança, reunimo-nos para comemorar um apóstolo da esperança”, declarou o Papa, sublinhando o exemplo do prelado como “símbolo de fraternidade além de qualquer fronteira étnica ou religiosa”.
Durante a ocupação nazi da Transilvânia do Norte, entre 1940 e 1944, Iuliu Hossu destacou-se pelo apoio prestado à população judaica, procurando impedir a sua deportação para campos de extermínio. O seu processo de reconhecimento como Justo entre as Nações foi iniciado em 2022, devido às inúmeras ações de salvamento que empreendeu, “correndo enormes riscos para si mesmo e para a Igreja Greco-Católica”.
“O que ele fez pelos judeus da Roménia mostra-o como um modelo de homem livre, corajoso e generoso até ao sacrifício supremo”, afirmou o Papa, recordando que o bispo foi preso pelo regime comunista e nomeado cardeal in pectore por Paulo VI, a 28 de abril de 1969.
Leão XIV sublinhou ainda que a vida do beato Hossu foi “um testemunho de fé vivida até ao fim, na oração e na dedicação ao próximo”, apontando-o como “homem de diálogo e profeta de esperança”.
“Próxima dos sofrimentos do povo judeu, que culminaram no drama do Holocausto, a Igreja sabe bem o que significam dor, marginalização e perseguição. Precisamente por isso, sente o compromisso de construir uma sociedade centrada no respeito pela dignidade humana como exigência da consciência”, declarou o Papa.
No final da cerimónia, Leão XIV dirigiu um apelo aos responsáveis religiosos presentes: “Digamos não à violência, a toda a violência, ainda mais se perpetrada contra pessoas indefesas e desprotegidas, como crianças e famílias.”