O Papa Francisco dirigiu, no dia 10 de novembro, um apelo aos líderes mundiais reunidos na COP29, que começa a 11 de novembro em Baku, Azerbaijão, para que esta cimeira sobre as alterações climáticas contribua de forma “eficaz” para a proteção ambiental. “Espero que a COP29 dê um contributo eficaz para a proteção da nossa casa comum”, afirmou Francisco, após a recitação do ângelus no Vaticano.
Perante uma multidão de fiéis, o Papa recordou a plataforma de ação ‘Laudato Si’, lançada há três anos com base na encíclica de 2015, agradecendo a todos os que colaboram neste projeto. Francisco aproveitou a ocasião para se associar ao Dia de Ação de Graças da Igreja Católica italiana, expressando gratidão ao setor agrícola e encorajando práticas de cultivo sustentáveis.
No âmbito das suas reflexões sobre a crise climática, o Papa publicou, a 4 de outubro de 2023, a exortação apostólica ‘Laudate Deum’, onde alertou para o possível “ponto de rutura” da atual crise ambiental. Segundo Francisco, “este mundo que nos acolhe está a esboroar-se e talvez a aproximar-se dum ponto de rutura”, considerando a crise climática como “um problema social global” que afeta diretamente a dignidade da vida humana.
No documento, Francisco desafia os que negam as evidências científicas das mudanças climáticas, classificando-as como uma “doença silenciosa que afeta todos”. A exortação denuncia a poluição desproporcional gerada pela “reduzida percentagem mais rica do planeta” e adverte sobre o deslocamento populacional que poderá ocorrer nos próximos anos devido a fenómenos climáticos extremos.
Francisco também responde às objeções sobre a transição para energias renováveis, defendendo que, apesar dos custos iniciais, milhões de pessoas já são afetadas pelas consequências das alterações climáticas. O Papa defende uma redução no uso de combustíveis fósseis e a aposta em energias limpas para mitigar os impactos ambientais, reconhecendo que alguns danos, como a acidificação dos oceanos, poderão ser irreversíveis durante séculos.
Paralelamente, as organizações ambientais ‘Oikos’ e Zero apelaram a compromissos efetivos na COP29, lamentando que se espera uma “conferência morna num mundo cada vez mais quente”. As associações destacam a importância da Meta Quantificada Coletiva (NCQG), que deve orientar as negociações para um acordo mais ambicioso, alinhado com as necessidades dos países em desenvolvimento, e defendem a operacionalização do Objetivo Global de Adaptação (GGA) até 2025.
A delegação portuguesa na COP29, liderada pela ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, vai marcar presença com um pavilhão próprio e 55 iniciativas em prol da sustentabilidade ambiental.