O Papa Francisco, durante a oração do ângelus neste domingo, condenou a “hipocrisia” presente na prática religiosa, exortando os fiéis a “fazer o bem sem aparecer e com simplicidade”. Na Praça de São Pedro, perante milhares de pessoas, o pontífice recordou as críticas de Jesus àqueles que exploravam os outros em nome da religião.
Francisco relembrou a passagem do Evangelho onde Jesus, no templo de Jerusalém, denunciou a atitude hipócrita de alguns escribas que, embora tivessem um papel importante na sociedade de Israel, viviam de “aparências” e, muitas vezes, em confronto com o ensinamento de Cristo. “Comportavam-se como pessoas corruptas, sustentando um sistema social e religioso que explorava os mais indefesos, cometendo injustiças e garantindo a impunidade”, afirmou.
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O Papa destacou a falta de coerência dos responsáveis religiosos, que frequentemente não praticavam o que pregavam, criando uma “fachada de falsa respeitabilidade e de legalismo”. Para Francisco, este comportamento transforma a prática religiosa num “instrumento de manipulação e de prepotência”.
A autoridade, explicou o Papa, deve ser exercida de forma oposta ao que muitos líderes do tempo de Jesus faziam. “Jesus ensina-nos a autoridade como abnegação e serviço humilde, com ternura materna e paterna para com as pessoas, especialmente as mais necessitadas”, sublinhou, convidando cada um a refletir sobre a sua conduta: “Atuo com humildade ou tiro vantagens da minha posição? Sou generoso e respeitoso com os outros ou trato-os de forma rude e autoritária? E quanto aos mais frágeis, estou próximo deles?”
Após a oração, Francisco evocou a beatificação do padre José Torres Padilla, cofundador da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz, que decorreu este sábado em Sevilha, Espanha. Destacando o exemplo de caridade do novo beato, pediu o apoio aos sacerdotes no seu ministério e propôs um aplauso em sua homenagem.
Francisco não deixou de lembrar também a população da ilha das Flores, na Indonésia, recentemente afetada pela erupção de um vulcão. “Rezo pelas vítimas, pelas suas famílias e pelos desalojados”, concluiu o Papa, manifestando solidariedade para com os que sofrem.