No passado domingo, 10 de novembro, o Papa Francisco manifestou-se no Vaticano sobre a situação em Moçambique, expressando a sua crescente preocupação face aos sinais de tensão que surgiram após as eleições presidenciais de 9 de outubro. O líder da Igreja Católica apelou ao diálogo e à procura de soluções justas, essenciais para promover a paz e a estabilidade no país lusófono.
“Recebemos notícias preocupantes de Moçambique. Convido todos ao diálogo, à tolerância e à procura incessante de soluções justas”, declarou o Papa, dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, após a recitação do ângelus, desde a janela do seu apartamento no Vaticano.
Num apelo sentido, Francisco exortou os católicos a rezarem pela população moçambicana. “Rezemos para que a situação atual não faça perder a confiança no caminho da democracia, da justiça e da paz”, apelou, destacando a importância da esperança e da união entre os moçambicanos num momento tão delicado.
A tensão política em Moçambique intensificou-se após a vitória de Daniel Chapo, candidato da Frelimo, partido que governa o país desde 1975. Esta vitória foi contestada pelo opositor Venâncio Mondlane, que alega irregularidades no processo eleitoral. Mondlane, que liderou uma campanha com forte adesão popular, rejeitou os resultados, que aguardam ainda a validação e proclamação formal pelo Conselho Constitucional.
Desde o anúncio dos resultados, várias manifestações tomaram conta das ruas, culminando numa grande concentração na capital, Maputo, na última quinta-feira. A violência marcou os protestos, resultando em três mortos e 66 feridos em confrontos entre manifestantes e a polícia, segundo o Hospital Central de Maputo (HCM).
Francisco sublinhou a importância de respeitar os processos democráticos e pediu serenidade num momento em que o país precisa de paz e estabilidade. O Papa concluiu o seu apelo renovando a importância do diálogo, da tolerância e do compromisso pela paz, valores que considera fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva em Moçambique.