De 16 a 20 de janeiro, decorreu no Centro de Espiritualidade do Patriarcado de Lisboa, no Turcifal, o primeiro turno do Curso de Formação Permanente do Clero de Leiria-Fátima. Estiveram presentes 33 sacerdotes da Diocese, que aproveitaram a semana para refletir, rezar e conviver.
Em 14 conferências, debateram como tema geral “a Igreja de Leiria-Fátima: História, Teologia e Desafios Pastorais”. A formulação tinha em perspetiva o tema do próximo ano pastoral, em que a Diocese celebra o centenário da sua restauração.
Os trabalhos iniciaram-se com uma “análise geral da atual situação socio-religiosa e cultural e seus desafios à missão da Igreja” – reflexão orientada pelo doutor Alfredo Teixeira –, tendo-se destacado a emergência do tempo da adolescência como lugar cultural que se afirma cada vez mais, a par com as caraterísticas da urbanidade. Esta reflexão, desde logo, suscitou o diálogo sobre a necessidade de cada vez mais estarmos atentos às mutações sociais que desinstalam e, ao mesmo tempo, questionam aprendizagens e atitudes.
Entrando lentamente no concreto da Diocese de Leiria-Fátima, o doutor Saul Gomes apresentou uma agradável resenha do “percurso histórico da Diocese”. Foram lembrados nomes, factos e movimentos que fazem da Diocese um lugar singular e, de alguma forma, até único no panorama da Igreja em Portugal. De lamentar, no entanto, que esta riqueza esteja ainda carente de uma abordagem e estudo sistemáticos, de forma a permitir, não apenas o conhecimento do passado, mas também ajudar a “sonhar” caminhos novos.
Não menos agradáveis foram algumas intervenções de âmbito diocesano, cujo objetivo era dar a conhecer propostas novas, como também suscitar reflexão sobre práticas estabelecidas. Assim se partilharam as comunicações feitas pela Cáritas Diocesana, sobre o “serviço de apoio à maternidade em dificuldade”, como ainda a apresentação pormenorizada do “atual itinerário da catequese”, sobretudo da infância.
Os alicerces da Igreja diocesana foram reencontrados no contexto geral da “Igreja particular na comunhão e missão da Igreja católica”, reflexão que orientou o bispo de Santarém, D. Manuel Pelino. Apesar da sua intervenção e temática fazerem parte dos conhecimentos básicos da formação dos presbíteros, não deixou de ser importante para a fundamentação de toda a eclesiologia. Sobretudo no que toca à relação com os desafios trazidos pelo Papa Francisco, que fala cada vez mais numa Igreja tocada e marcada pela misericórdia e voltada para a misericórdia, reflexão para a qual deu o contributo o padre José Nuno Ferreira da Silva. Alguns testemunhos interpares permitiram clarificar ideias sobre estes assuntos.
E porque a audiência era feita de sacerdotes, a manhã de quinta-feira foi preenchida de forma intensa pela reflexão sobre os desafios atuais e caminhos de pastoral para a Diocese, orientada pelo padre Adelino Guarda. Conscientes das mudanças a que a sociedade obriga e o tempo não perdoa, os padres foram desafiados a repensar algumas atitudes, apatias e tradições, com o objetivo de se deixarem interpelar e desafiar por novas realidades e novas mentalidades. Sempre na atitude evangélica de serviço a Deus, à Igreja e aos homens do nosso tempo. Os desafios foram muitos e muito exigentes.
Houve tempo ainda para rever aspetos litúrgicos que vão sendo “atropelados” pelas modas contemporâneas e que correm o risco de se esvaziarem de sentido, perdendo-se dessa forma a beleza e encanto da fé.
Apesar da intensidade dos temas e da reflexão, a semana decorreu de forma agradável, tendo os participantes coroado toda a vivência com altos momentos celebrativos, em que o canto, o silêncio e a meditação aqueceram os corações destes que foram os dias mais frios deste inverno. De referir ainda que o ambiente familiar, fraterno e cordial permitiu aos presentes uma bela experiência do que é e do que deve ser o presbitério. Nesta semana decorre o segundo turno da mesma formação.
