Depois de um longo internamento no hospital de Cascais, faleceu no dia 22 de abril, o nosso conterrâneo, Padre, José pedrosa Ferreira.
O padre José Pedrosa, nasceu na Bajouca, no lugar da Bajouca de Cima, no dia 10 de junho de 1938, na altura freguesia de Monte Redondo.
Era filho de António Ferreira, conhecido por António dos “Carritos“ e de Maria Pedrosa Mota.
Começou muito cedo a mostrar o caminho que queria seguir, quando no quintal dos seus pais, com os primos, construía pequenas capelas…!
Entrou para o Seminário de Leiria, na década de 50 do século passado. Aí esteve alguns anos e nas férias continuava a construir no quintal dos pais as suas capelas… no seminário de Leiria, alguém lhe terá dito que teria jeito para pedreiro, para padre… talvez não.
Não hesitou, fez as malas e ouviu a voz de S. João Bosco, que o chamava para uma missão muito maior.
No ano de 1959, professou como salesiano e no dia 21 de março de 1970, foi ordenado sacerdote Salesiano, em Fátima, juntamente com outros sacerdotes Salesianos.
Celebrou a “missa nova”, na sua terra natal, Bajouca, que ainda não era freguesia, no dia 30 de agosto de 1970, ao ar livre, uma cerimónia que juntou toda a comunidade num ambiente de união e de festa.
Abraçou a causa de D. Bosco toda a vida como veremos a seguir.
Era ainda estudante de Teologia, em 1969, e já os seus artigos de caráter eclesial, no pós-Vaticano II, eram publicados no “Novidades”, um jornal católico de âmbito nacional.
Assumiu a direção da revista Juvenil, uma publicação mensal dedicada a crianças e adolescentes…A revista juvenil, marcou a juventude de muitas gerações no nosso país. Na cidade do Porto, colaborou na dinamização pastoral de paróquias, marcando gerações pela novidade e criatividade que trouxe à celebração com jovens, introduzindo a presença de guitarras e bateria nas celebrações litúrgicas. Liderou inúmeras ações de formação para catequistas, procurando atualizar os seus conhecimentos e imprimindo um caráter de renovação nos conteúdos e práticas pedagógicas.
Um apaixonado pela escrita
A par da catequese, a “boa imprensa” foi a grande paixão do Padre Pedrosa. Foi no campo editorial que uniu dois dos seus grandes dons: a escrita e a pedagogia catequética.
Nos anos 80 foi pioneiro na produção de guias pedagógicos e materiais catequéticos para a pré- adolescência e adolescência.
No início dos anos 90, a pedido da Conferência Episcopal, coordenou uma equipa de salesianos para produzir os materiais para a catequese do 9º e 10º anos, segundo o programa catequético então em vigor.
Foi ainda diretor do Cavaleiro da Imaculada, jornal mensal de distribuição gratuita, até ao ano de 2020. Nesta publicação, conseguia exprimir com uma linguagem direta e fresca a alegria de ser cristão.
Acompanhou durante seis anos o grupo português das Voluntárias de Dom Bosco.
Teve um papel fundamental e ímpar na dinamização das Edições Salesianas, hoje Salesianos Editora, que dirigiu entre 1996 e 2014.
É autor de mais de 170 livros, em quase todas as áreas da catequese: formação de catequistas, educação, pedagogia, técnicas e dinâmicas, teatro, linguagem audiovisual, e, ainda, uma das suas paixões, os contos de mensagem.
Colaborou sempre com o Jornal ELO, boletim paroquial da freguesia da Bajouca. São dele os contos que publicamos em todos os números durante quase 10 anos.
Uma vida marcada pela criatividade e generosidade que em muito contribuiu para a compreensão do carisma salesiano em Portugal.
O regresso à Bajouca
Há poucos meses ainda celebrou na Bajouca e em Fátima, com a sua família da Bajouca e a família salesiana, os seus 50 anos de sacerdote.
Regressou à Bajouca, na tarde do sábado, dia 27 de abril, para um adeus final da sua família, da família salesiana e da comunidade que o viu nascer, há 86 anos.
Na missa de despedida celebrada na igreja da Bajouca, presidiu o nosso Bispo, D. José, e estiveram presentes: o Vigário geral, padre Armindo Janeiro, e muitos sacerdotes da Congregação Salesiana em Portugal.
No início da missa, D. José Ornelas teve o cuidado de realçar as virtudes do Padre Pedrosa, e convidou todos os presentes a dar graças a Deus por uma vida tão cheia inteiramente dedicada à causa do Evangelho.
Na homilia, feita pelo provincial dos Salesianos em Portugal, padre Tarcízio Morais, numa mensagem emotiva e bem transmitida, lembrou o homem, o sacerdote e o companheiro de caminho nestes últimos anos. Num dos momentos da homilia disse:
Quantos o conhecemos, sabemos da laboriosidade e persistência que colocou nesta missão, feita desde o silêncio da escrita, à voz multiplicada de tantos catecismos, livros de dinâmicas, de missas para crianças, propostas, contos, atividades, para melhor aceder à Palavra do Senhor. Um comunicador sem holofotes, nem vaidades, pois a timidez da sua personalidade fê-lo mensageiro das coisas do Senhor, especialmente para aproximar Deus, das crianças, adolescentes e jovens…
Quantas crianças, adolescentes e jovens, que nunca conheceram o pe. Pedrosa, puderam aprender Jesus e a sua Boa Notícia através do bem, tão bem feito. Quantos puderam criativamente celebrar a alegria da Eucaristia em gestos e palavras simples, graças ao trabalho intenso do pe. Pedrosa…
Que o testemunho deste nosso irmão, o trabalho árduo no silêncio, na simplicidade e na discrição da intimidade com as palavras que o Pe. Pedrosa viveu, sejam para nós testemunha do seu grande amor a Jesus e à evangelização das crianças e jovens. E aprendamos dele a persistência, a constância, esse seu dar-se, que nas muitas palavras escritas nos mostram o desejo de encontrar o caminho que conduz ao Pai.
No final da celebração a família e o P. Augusto Gonçalves, seu colega no Seminário de Leiria, deixaram uma palavra a lembrar o homem, o sacerdote e o amigo.
Repousa no cemitério da Bajouca, junto dos seus pais e outros familiares que tanto deram à comunidade e à igreja em Portugal.
Lembramos o irmão, José Mota, seu tio e o Dr. José Tavares seu primo, que também foi sacerdote.