Ainda a capela não marcava a hora certa e, numa bela tarde serena, o Padre André surgiu à porta da nossa instituição, em direção ao Centro de dia, uma escolha simbólica e intencional, onde o primeiro gesto pastoral foi simplesmente estar. Estar com os nossos idosos, escutá-los e acompanhá-los.
Entre o grupo, estavam dois idosos prestes a receber o sacramento do Crisma e que, por isso, aguardavam o momento da confissão. Foi assim que se deu o recomeço: com um encontro de fé, proximidade e escuta. O Padre André chegou com um ar sereno e humilde, cumprimentou cada utente pelo nome e criou, desde o primeiro instante, uma ligação pessoal que ficou no coração de todos, com destaque logo a uma senhora que lhe quis relatar o que lhe aconteceu no fim de semana, aquando de uma ida à praia. Só não se lembrava do nome da praia, mas logo foi auxiliada.
Na semana seguinte, retomaram-se as celebrações da Eucaristia no Centro Sénior. Aí, o novo pároco teve oportunidade de estar mais próximo dos utentes também do lar, escutando histórias de vida, partilhando sorrisos e aprendendo com a sabedoria tranquila de quem já viveu muito. No final, entre gargalhadas e olhares cúmplices, houve ainda tempo para agendar a vida pastoral e religiosa da instituição.
A celebração contou com a leitura de uma passagem da Carta de São Paulo aos Coríntios, onde se recorda que, mesmo perante o medo, o jejum e as provações, São Paulo era profundamente feliz. A mensagem deixou um convite à reflexão: até ao último dia da nossa vida, somos chamados a agradecer e a valorizar cada pequeno detalhe. Porque, se ainda cá estamos, é sinal de que Deus ainda conta connosco.
O Padre André sublinhou a importância da presença dos nossos idosos, reforçando que mesmo aqueles que já não têm mobilidade ou tarefas ativas desempenham um papel fundamental na vida da comunidade: rezar por todos. Um gesto simples, mas de valor incalculável.
Foi apenas o início de uma caminhada que promete ser feita com fé, proximidade e muito coração. Porque a pastoral começa onde mora a fragilidade e se transforma onde habita o amor.
