O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado a 3 de dezembro, foi marcado pela apresentação de um projeto único a nível mundial. Pela primeira vez, um espaço litúrgico abriu as portas para a inclusão de uma forma simples e eficaz.
A Catedral de Leiria, foi o edifício escolhido para o Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) do Politécnico de Leiria e o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência darem corpo a uma ideia que foi amadurecida nos últimos tempos. A partir de agora, quem visitar a Sé pode reparar que existem umas placa discretas que se destinam a informar um público muito específico: as pessoas portadores de deficiência, nomeadamente as cegas, surdas, e com incapacidade intelectual.
Para além das placas, existe à entrada um guião multiformato impresso e com a identificação dos diferentes espaços litúrgicos que permitirá a todos os públicos “ler” e conhecer os diferentes espaços. Este guião dos espaços litúrgicos e toda a sinalética da Catedral está disponível em três versões: braille, com imagens em relevo, em escrita aumentada e em sistema pictográfico para a comunicação.
Célia Sousa, que dirige o CRID, explica que a instituição a que preside é considerada “uma referência na área da inclusão, detendo um know-how único e tendo trabalho feito a favor da sociedade, que encontramos em poucos locais no mundo”. Por ser o projecto piloto, esta intervenção na Sé “está ainda em fase de testes, o que faz da Catedral um laboratório, por ser a primeira vez que se realiza a nível mundial”. Para a Célia Sousa, o único objetivo é “que as pessoas com deficiência se sintam acolhidas quando entram neste espaço de culto”.
O padre Gonçalo Diniz, que dirige a paróquia de Leiria, com quem o CRID trabalhou muito estreitamente, também considera que “esta é uma nova etapa da vida da comunidade, que fica mais inclusiva, servindo mais eficazmente os propósitos de uma celebração”.
Quem também esteve presente na inauguração foi o Bispo diocesano, D. António Marto que para além de ter manifestado a sua satisfação, fez, ele próprio, questão de explicar e descrever o funcionamento a alguns dos presentes que integram o público alvo da instalação. Disse também que “é o reconhecimento da dignidade e dos direitos inerentes a todas as pessoas”, salientando que “a Igreja é enviada, sobretudo, a cuidar dos mais frágeis”, sendo aquela uma das concretizações da sua missão. D. António Marto quis ainda chamar a atenção para a necessidade “de superar uma mentalidade que não reconhece a participação ativa de pessoas com deficiência”.