Não era um amanhecer qualquer. O céu ainda estava meio adormecido quando, na zona industrial da Zicofa, em Leiria, seis autocarros começaram a ganhar vida. Mochilas às costas, gargalhadas nervosas, abraços fortes, olhos ainda pesados de sono — mas cheios de luz. Era o início da viagem rumo ao Jubileu dos Jovens em Roma, e 345 jovens da Diocese de Leiria-Fátima — a que se juntarão mais 44 no destino — estavam prontos para partir.
Não é um passeio de verão. É uma peregrinação. É resposta a um convite do Papa Francisco, feito num dos momentos mais memoráveis da Jornada Mundial da Juventude, no Parque Tejo, em Lisboa. Foi aí que o Santo Padre desafiou os jovens do mundo inteiro a reencontrarem-se em 2025, em Roma. Disse-lhes que queria voltar a ver aqueles rostos, agora com mais fé, com mais esperança, com o coração renovado.
E foi isso mesmo que os moveu. Ontem, dia 25 de julho, começou a concretizar-se esse “sim” ao apelo do Papa. Entre os quase 12 mil jovens portugueses que se dirigem a Roma, há este grupo tão especial de Leiria-Fátima, acompanhado de perto pelo seu pastor, D. José Ornelas, que também os encontrará na Cidade Eterna.
Antes da partida, o bispo deixou palavras que ficaram a ecoar no ar:
“Vamos com o nosso coração prontinho para encher e para dar. Haverá muita coisa para receber e partilhar. Cuidem uns dos outros.”
O tom era simples e paternal. Mas cheio de significado.
“Lembrem-se que vão percorrendo, como Peregrinos da Esperança, várias Igrejas: a Igreja portuguesa, a Igreja espanhola, a Igreja italiana… Vamos juntar-nos todos na Igreja mãe em Roma.”
E é isso mesmo que torna esta viagem tão especial: não se trata apenas de cruzar fronteiras geográficas, mas de atravessar pontes humanas e espirituais, ao encontro de outros jovens, outras culturas, outras vidas.
O padre André Batista, diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil, sublinha que tudo foi preparado com muito cuidado e oração. Sob o lema “No caminho eu confio em ti”, a peregrinação inclui também uma paragem simbólica em França, nas dioceses de Rodez e Albi.
Foi ali que, durante a JMJ, os jovens franceses foram acolhidos pelas comunidades de Santa Eufémia e Caranguejeira. Agora, é tempo de retribuir esse gesto com amizade e gratidão.
“Queremos que seja uma verdadeira experiência de Igreja de peregrinos”, explicou o sacerdote. “Contamos com a vossa oração por estes jovens que nos confiaram — e que nós confiamos ao Pai.”
Dentro dos autocarros, há música, partilhas, jogos, conversas profundas e silêncios cheios de significado. Não é apenas uma viagem exterior, mas um caminho interior. A fé de cada um vai-se moldando, crescendo, abrindo-se ao inesperado.
Estes jovens vão a Roma com os olhos postos no futuro, mas com o coração cheio de passado — de tudo o que viveram na JMJ e do que já viveram nas suas paróquias, nos grupos de jovens, nos movimentos, nas catequeses.
Agora, é tempo de olhar para a frente. Tempo de reencontro. Tempo de Igreja.
Roma espera por eles. E eles vão como são: cheios de vida, de perguntas, de sonhos.
Peregrinos da Esperança.
E, como dizia D. José: “Vivam bem. Vamos viver bem. Também comigo na próxima semana.”