Considerando o atual contexto pandémico, a Escola Diocesana Razões da Esperança (EDRE) informou os seus alunos que a próxima sessão de formação do curso “Rumo a uma Igreja Sinodal a convite do Papa Francisco”, a 4 de janeiro, será realizada online.
Informou também que será enviado aos alunos inscritos o link de acesso à aula, que desta vez estará a cargo do vigário-geral da diocese, o padre Jorge Guarda, que apresentará o tema “Testemunhar Cristo, fonte de esperança: Sínodo diocesano 1995-2002”. O sacerdote propõe-se fazer a contextualização histórica, recordar o caminho percorrido e a conclusões deste sínodo diocesano, procurando uma resposta à pergunta: que diocese saiu deste Sínodo de 1995-2002?
A última sessão do ano 2021 teve lugar no Seminário Diocesano, onde decorre a formação, em 21 de dezembro de 2021 e foi apresentada por um dos elementos da Equipa Diocesana para o Sínodo dos Bispos 2021-2023, o professor Virgílio Mota.
Natural das Meirinhas, com formação em Filosofia e 43 anos de experiência na área do ensino, Virgílio Mota apresentou a sua reflexão sobre o tema “Igreja sinodal é a melhor resposta à pandemia”. Partindo do documento da Conferência Episcopal Portuguesa “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, datado de 13 de novembro de 2020, o professor considera que a Igreja em Portugal “acompanhou desde o primeiro momento o contexto de pandemia” e “tem reconhecido o esforço dos profissionais da saúde, e de outras entidades”, tem ainda “encorajado os agentes pastorais a intervir, a estar no terreno”.
“A Igreja, que somos todos nós, garante a solidariedade de apoio, é um dos grupos que garante a solidariedade em flagelos que estão a pôr em causa a nossa sobrevivência futura”, disse, referindo-se a alguns desses flagelos: “a poluição das águas dos mares”, “os desequilíbrios do homem com a natureza e com os recursos que a terra produz”, entre outras “dinâmicas suicidas, realidades que nós como seres vivos temos que cuidar”.
“Estamos todos no mesmo planeta, mas não estamos todos no mesmo barco”, disse Virgílio Mota, para sublinhar que as desigualdades são muitas e de âmbitos também muito díspares, “problemas que são também desafios pastorais”. “Um dos desafios para a Igreja Católica é o de renovar e restaurar a esperança num mundo deprimido e sem esperança”, sublinhou.
Deu o seguinte exemplo: “quando os adultos desistem de ter filhos é sinal de que já não há esperança no futuro, a esperança já não mora por cá”.
Outra “desgraça do nosso tempo, que a pandemia veio agravar, é a da falta de tempo para os mais próximos. Parece até que os que estão mais longe estão mais perto; estamos ao lado, mas não estamos”.
Virgílio Mota elogia “o serviço da Igreja em Portugal no cuidado à pessoa durante todo o seu ciclo de vida”, com uma “mensagem que deve ser um grito pela verdade, pela justiça e pela paz”. Nestes contextos, “apela-se à inclusão dos que estão e dos que chegam, (…) a Igreja tem de ser hospital de campanha, lugar de espírito de serviço”.
Outro dos desafios da Igreja, concluiu, “é o de comunicar nos ambientes digitais sem proselitismo, trabalhar com a gramática, a linguagem do nosso tempo, [porque] com discursos herméticos, fechados, falamos só para nós”. Neste sentido, “as paróquias devem ser comunidades sinodais, no espírito de Emaús, (…) devem ser lugares de abertura, onde é necessário perguntar sempre o que é melhor para todos, em verdadeiro sentido de comunidade”.