O Papa Francisco morreu esta manhã, pelas 07h35 locais (06h35 em Lisboa), aos 88 anos de idade, informou o Vaticano.
O pontífice esteve internado entre 14 de fevereiro e 23 de março, na mais longa hospitalização do seu pontificado, devido a uma infeção respiratória que evoluiu para pneumonia bilateral.
Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, capital da Argentina. Filho de emigrantes italianos, trabalhou como técnico químico antes de ingressar na Companhia de Jesus, onde se formou em Filosofia e Teologia.
Foi ordenado padre a 13 de dezembro de 1969. Exerceu funções como responsável pela formação dos jesuítas e, entre 1973 e 1979, como provincial da Companhia na Argentina.
Em 1992, o Papa João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires, tendo sido ordenado a 27 de junho desse ano. Após a morte do cardeal Antonio Quarracino, assumiu a liderança da arquidiocese a 28 de fevereiro de 1998. A 21 de fevereiro de 2001, foi criado cardeal pelo Papa polaco e, nesse mesmo ano, foi relator da 10.ª assembleia do Sínodo dos Bispos.
Foi eleito Papa a 13 de março de 2013, sucedendo a Bento XVI, que renunciara. Assumiu o nome inédito de Francisco, tornando-se o primeiro Papa jesuíta e o primeiro sul-americano da história da Igreja Católica. Desde Gregório III, de origem síria (731-741), não havia um Papa não-europeu.
Adoptou como lema “Miserando atque eligendo” – expressão inspirada no Evangelho segundo São Mateus: “Olhou-o com misericórdia e escolheu-o”.
Durante o seu pontificado, realizou 47 viagens internacionais e visitou 67 países, incluindo Portugal, onde esteve em 2017, por ocasião do centenário das Aparições de Fátima, e em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, tendo regressado a Fátima.
Em Itália, realizou mais de 30 deslocações, com destaque para a visita à ilha de Lampedusa – a primeira do pontificado – e cinco idas a Assis.
Entre os principais documentos publicados destacam-se as encíclicas Dilexit Nos (2024), dedicada à devoção ao Coração de Jesus; Fratelli Tutti (2020), sobre fraternidade e amizade social; Laudato Si’ (2015), centrada na ecologia; Lumen Fidei (2013), com reflexões iniciadas por Bento XVI. São ainda de relevo as exortações apostólicas Evangelii Gaudium (2013), texto programático do pontificado, e Amoris Laetitia (2016), dedicada à família. Em 2019, assinou com o grão-imã de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyib, o documento sobre a “Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum”, em Abu Dhabi.
A reforma da Cúria Romana foi formalizada com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (2022), elaborada com o apoio de um inédito conselho de cardeais dos cinco continentes. O documento promoveu uma maior valorização da presença dos leigos nos organismos centrais da Igreja.
Francisco convocou cinco assembleias do Sínodo dos Bispos: duas sobre a sinodalidade (2023 e 2024), uma sobre a Amazónia (2019), uma sobre os jovens (2018) e duas dedicadas à família (2014 e 2015). Em 2019, promoveu ainda uma cimeira global para o combate e prevenção dos abusos sexuais na Igreja.
Durante o seu pontificado, foram proclamados mais de 900 santos e santas, entre os quais 805 mártires de Otranto, mortos por tropas otomanas em 1480. A lista inclui várias figuras ligadas a Portugal: Francisco e Jacinta Marto, canonizados a 13 de maio de 2017, em Fátima; D. Frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga, canonizado por equipolência; o padre Ambrósio Francisco Ferro, martirizado no Brasil em 1645; o padre José Vaz, nascido em Goa em 1651 e canonizado no Sri Lanka; e o jesuíta José de Anchieta, evangelizador do Brasil.
Francisco convocou dez consistórios, nos quais criou 163 cardeais. Entre eles estão os portugueses D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação; e D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal.
O pontificado ficou também marcado pela celebração de dois Jubileus: o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, em 2016, e o atual Ano Santo ordinário, dedicado à esperança. Francisco instituiu ainda o Dia Mundial dos Pobres, o Domingo da Palavra de Deus e o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.
Francisco foi o sexto Papa mais idoso da história da Igreja, depois de Lúcio III, Celestino III, Gregório XVII, Leão XIII e Bento XVI.