O padre Tony Neves, conselheiro geral dos Missionários Espiritanos, concluiu uma visita de duas semanas a Moçambique, descrevendo a situação como “caótica” e o povo como “desesperado”. Segundo o missionário, as eleições gerais de 9 de outubro, que garantiram a vitória da Frelimo e do novo presidente Daniel Chapo, foram consideradas fraudulentas pela população, levando a uma onda de manifestações violentas. Desde 21 de outubro, registaram-se 261 mortos, incluindo 134 apenas na última semana, e 573 pessoas baleadas, segundo a plataforma Decide.
“O povo perdeu o medo, saiu à rua e enfrenta um regime que empobreceu o país durante 49 anos de governo intocável”, afirmou o padre, alertando para pilhagens e violência generalizadas. “As casas religiosas tornaram-se alvos fáceis por estarem desprotegidas e conterem alimentos e bens básicos”, acrescentou.
Em Nampula, manifestantes invadiram edifícios da Arquidiocese e tentaram atacar o Paço Episcopal. Na capital, Maputo, apesar de ser “o local menos afetado”, há sinais de destruição e pneus queimados. “Sem intervenção da polícia ou do exército, é o povo que manda”, concluiu o missionário, apelando à solidariedade internacional.