D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa e historiador da Igreja, destaca que os jubileus, iniciados em 1300 por Bonifácio VIII, surgiram como resposta a uma mobilização popular. “Foi o povo que tomou a iniciativa, e a hierarquia respondeu”, afirma, numa conversa sobre a história destas celebrações, a propósito do Ano Santo de 2025.
O conceito de jubileu tem raízes bíblicas, como descrito no Livro do Levítico, que prescrevia o descanso da terra e o perdão das dívidas a cada cinquenta anos. D. Manuel Clemente sublinha que “o ideal era devolver as terras aos proprietários originais e restabelecer a liberdade dos servos”. No entanto, reconhece dúvidas sobre a concretização plena desse ideal no Antigo Testamento.
Com Bonifácio VIII, o jubileu foi institucionalizado, inicialmente com periodicidade centenária, evoluindo para a atual cadência de 25 anos. Desde então, esta celebração tem sido associada à peregrinação a Roma, práticas penitenciais e indulgências, representando um recomeço espiritual.
O patriarca emérito irá explorar o tema em entrevistas semanais no programa Ecclesia, na RTP2, lembrando que Jesus assumiu o ideal do jubileu, indicando-se como aquele que o realiza. O próximo Ano Santo, proclamado pelo Papa Francisco, terá início a 28 de dezembro de 2024, com o lema Spes non confundit.