“O mundo de hoje está a exigir da Igreja mais ousadia profética”, afirmou o teólogo Juan Ambrosio, na conferência da Comissão Justiça e Paz, no passado dia 24 de maio, no Seminário de Leiria. O professor da Universidade Católica falou sobre “Sabedoria cristã e sociedade” e teve a ouvi-lo uma assembleia muito interessada. Considerou a fé cristã como um encontro com Cristo que marca a vida pessoal e lhe dá sabedoria e impulso para a transformação da sociedade. Referiu o esforço que está a fazer o Papa Francisco para conduzir a Igreja em direção às periferias geográficas e existenciais do nosso tempo, envolvendo-se no cuidado da casa comum através de uma ecologia integral, humana e solidária com a criação. Este esforço empenha todos os cristãos num diálogo com o mundo, sem excluir ninguém. Citou algumas personalidades que, não sendo da Igreja, reconhecem que o cristianismo tem um contributo imprescindível a dar às sociedades atuais, nomeadamente a sabedoria acerca da dignidade humana e do sentido da vida, o compromisso para humanizar todas as situações, sobretudo as de maior fragilidade, e a liberdade nas suas várias dimensões: de consciência, pensamento, expressão, etc. Referiu depois a necessidade de discernimento face às sombras e aos medos, a comunidade, face à solidão, e a audácia de construir pontes e abrir passagens para além das fronteiras.
É por isso que se exige hoje à Igreja, em todos os seus membros, maior ousadia profética, cuidar da formação das conheciências com sentido crítico e promover o compromisso e o diálogo em ordem à fraternidade humana e à paz mundial.

A encerrar, o cardeal D. António Marto agradeceu à Comissão justiça e Paz e ao orador, sublinhando a pertinência de construir a sociedade humana com a sabedoria cristã. Lembrou a ocorrência, nesse dia, do 4º aniversário da publicação da encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, e outras suas iniciativas proféticas que põem no centro as pessoas e a sua dignidade. Por fim, sublinhou que a sabedoria cristã é um dom que vem do Alto e nos convida a olhar a realidade do mundo com o olhar de Deus, oferecendo-nos nova luz e suscitando o compromisso com os pobres e os mais frágeis.