D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro, abriu esta segunda-feira as Jornadas do Clero das Dioceses do Centro 2025, em Fátima, com um apelo à renovação da Igreja através de “uma identidade cristã mais pessoal e comunitária” face aos desafios contemporâneos.
Na sessão inaugural do encontro, que reúne mais de 250 participantes de seis dioceses do centro do país, o prelado traçou um paralelo entre o momento atual da Igreja e a mensagem pascal, recordando que, tal como as mulheres diante do túmulo vazio na manhã de Páscoa, a missão hoje não é “chorar diante do túmulo vazio, nem procurar Jesus num mundo que já não existe”, mas sim encontrá-lo “em novas formas de expressar a fé e de viver em comunidade”.

D. António Moiteiro destacou que a autenticidade e fecundidade da reforma eclesial passam pela “renovação através da transformação da mente, o aprofundamento do pensamento e do sentimento, da espiritualidade e da teologia”. Segundo o bispo, esta reforma “é fruto da oração e do trabalho de todos”.
Na sua intervenção, fundamentada na segunda Carta aos Coríntios – que classificou como “a carta magna do apostolado cristão” – o prelado sublinhou a urgência de uma dupla fidelidade nos ministros ordenados: “Fidelidade a Cristo e fidelidade aos nossos irmãos”. Realçou ainda que as comunidades cristãs devem desenvolver “um forte sentido eclesial radicado na alegria da pertença”, afirmando que “o mundo precisa de uma terapia do amor” que deve acontecer no seio da comunidade eclesial.
O bispo de Aveiro alertou para a necessidade de pessoas que ajudem outros a “crescer na fé e a apaixonar-se pelas realidades espirituais”, defendendo que a transmissão do Evangelho ocorre hoje frequentemente “por contágio”. Enfatizou também a importância de criar “condições de possibilidade de encontro com Cristo” através da oração, liturgia e compromisso social.
Abordando os desafios do ministério ordenado, D. António Moiteiro referiu que Deus “continua a querer revelar-se impotente” no meio do secularismo, da corrupção política e da indiferença social. Citando o último Sínodo dos Bispos, defendeu uma “distribuição mais articulada das tarefas e das responsabilidades” no exercício do ministério.
Sob o lema paulino “Acreditei, por isso falei”, as jornadas, que decorrem até 30 de janeiro, reúnem sacerdotes das dioceses de Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima (que se destaca com 65 inscritos), Portalegre-Castelo Branco e Viseu. O encontro propõe-se refletir sobre a vivência da fé em contexto pós-cristão, inspirando-se na comunicação da fé nos primórdios do cristianismo.
D. António Moiteiro concluiu a sua mensagem citando o Papa Francisco: “Para nós, cristãos, o futuro tem um nome e esse nome é esperança. A esperança é a virtude de um coração inquieto que não se fecha no escuro, não para no passado, não sobrevive no presente, mas sabe ver lucidamente o amanhã”.