Japão e silêncio na reabertura da Escola “Razões da Esperança”

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“O silêncio deve atravessar a Igreja, e a Igreja também deve atravessar o silêncio”. A afirmação é do padre Adelino Ascenso, superior geral dos Missionários da Boa Nova, na conferência de abertura do novo ano letivo do Centro de Cultura e Formação Cristã da Diocese de Leiria-Fátima, no passado dia 26 de setembro.

Só dessa forma “é possível escutar o outro” e, percebendo que “nós não somos o centro das atenções, mas sim o outro”, criamos a “harmonia do silêncio”, referiu ao Presente.

O padre Adelino Ascenso foi missionário durante muitos anos no Japão. Nesta conferência sobre “A Igreja que atravessa o silêncio”, abordou a temática da cultura e da vivência do cristianismo no Japão, de onde salientou, precisamente, “esta harmonia” que, para o japonês, é sinónimo “de escutar e auscultar mais o Outro”. E frisou que desta forma “já não é a minha vontade e o meu egocentrismo que comanda a relação com o outro”.

A verdade é que, na maioria das vezes, “nós escutamos sendo protagonistas, escutamos falando ou escutamos transmitindo mensagem de protagonismo, o que é absolutamente errado”, explicou o Superior Geral dos Missionários da Boa Nova, deixando claro que o “verdadeiro silêncio só acontece quando somos capazes de sair da nossa autorreferencialidade”. E, por tudo isto, “é fundamental escutar em silêncio”.

Para o padre Adelino Ascenso, através deste silêncio, “talvez possamos escutar a voz de Deus que Se revela no silêncio ou para lá do silêncio. Um Deus absolutamente misericordioso. Um Deus que não Se envergonha, nem foge do nosso pecado. Esse Deus que entra na lama da nossa vida. Esse Deus que está, muitas vezes, no seio daquele que se considera ateu ou agnóstico, ou daquele que fugiu ou se afastou da Igreja. Esse Deus que está aí vivo e pulsante”.

 

A programação do novo ano

Após a conferência, foram entregues os diplomas a quem concluiu a formação no ano passado, dados a conhecer os traços gerais da programação académica deste ano, que terá como referência âncora o centenário da restauração da Diocese de Leiria-Fátima.

Pedro Valinho, diretor do Centro de Cultura e Formação Cristã adiantou que, na Escola Razões de Esperança, que integra o Centro, são apresentadas duas disciplinas na primeira hora: “Igreja e Missão” e “Uma Espiritualidade do Quotidiano”.

Na segunda hora, as formações são mais direcionadas para a formação prática e, por isso, são asseguradas por vários serviços e movimentos. O Serviço Diocesano de Catequese tem como ofertas: o Curso de Iniciação de Catequistas, o Curso Geral de Catequistas, com a disciplina de Catequética, as Catequeses da Fé e, este ano, uma nova aposta na formação de membros de Equipas Paroquiais e Vicariais de Catequese. À responsabilidade do Departamento de Liturgia está a oferta formativa relacionada com a Escola de Leitores, o canto litúrgico e os ministros da Comunhão. Por fim, há ainda a Escola do Movimento dos Cursos de Cristandade.

D. António Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, esteve presente e falou da importância de manter “o diálogo inter-religioso” como forma de “aumentar a fé”. E, em alusão à conferência, salientou a importância de caminhar “neste silêncio”, pois dessa forma, talvez possamos encontrar a resposta à pergunta “onde está Deus?”, quando, por vezes, assistimos a tanta violência e não encontramos resposta. Porém, o “silêncio de Deus pode ser a resposta”.

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