De 30 de outubro a 6 de novembro decorre a Semana dos Seminários, com o tema “Não te envergonhes de dar testemunho de Cristo” (2 Tim 1,8).
Com esta semana especial no calendário católico, D. António Augusto Azevedo, presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM) explica que a Igreja pretende “apelar aos mais jovens” para que sejam “testemunhas alegres e corajosas de Jesus Cristo e do seu Evangelho”, citando o Papa Francisco na Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Cristo Vive. Afirma ainda que a oração “não só exprime e reforça a comunhão” com os Seminários como “é uma forma insubstituível de ajuda espiritual”, referindo que estas casas de formação, em geral, também “carecem de maior apoio material”.
O presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios realça também que a Semana dos Seminários “é momento oportuno” para que as Dioceses e Congregações Religiosas, “o conjunto da Igreja e a sociedade” tenham consciência da realidade atual destas casas.
“Em ambientes eclesiais e no espaço público é notória a falta de conhecimento e reconhecimento acerca da vida dos Seminários. Tantas vezes prevalecem as memórias do passado, os preconceitos, ideias feitas e suposições em detrimento do conhecimento real das pessoas, dos percursos formativos e das situações concretas”.
No seu sítio online, a CEVM publicou subsídios para a Semana dos Seminários 2022, como a mensagem de D. António Augusto Azevedo, o cartaz e o postal-oração, uma vigília de oração, catequeses, propostas para a Liturgia e de reflexão, e conteúdos multimédia.
MENSAGEM PARA A SEMANA DOS SEMINÁRIOS
30 de outubro – 6 de novembro de 2022
«Não te envergonhes de dar testemunho de Cristo» (cf. 2 Tim 1,8)
A Semana dos Seminários deste ano tem como lema o apelo feito por são Paulo a Timóteo para que não se envergonhasse de dar testemunho de Nosso Senhor, nem dele próprio que estava na prisão. Estas palavras soam a incentivo de um verdadeiro guia espiritual, atento e preocupado com o percurso do seu discípulo, ao mesmo tempo que representam um reforço da confiança nas suas capacidades e no dom recebido de Deus. Para o Apóstolo, este apelo decorria da sua convicção de que Timóteo tinha uma «fé sem fingimento», para a qual tinham contribuído a sua avó e a sua mãe.
Com esta iniciativa, a Igreja pretende, hoje, apelar aos mais jovens para que sejam testemunhas alegres e corajosas de Jesus Cristo e do seu Evangelho. O Papa Francisco disse-o de forma clara e direta na Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Cristo Vive: «Jovens, não deixeis que o mundo vos arraste para partilhar apenas as coisas más e superficiais. Tornai-vos capazes de ir contra a corrente e partilhai Jesus, comunicai a fé que Ele vos ofereceu» (CV, 176). Afirmar a fé sem medo ou vergonha, dispor-se a levar a Palavra de Cristo a todos os lugares e ambientes, sendo missão de todos os cristãos, constitui um desafio dirigido especialmente aos jovens. Para alguns, a descoberta desta missão é de tal modo decisiva que se concretiza numa vocação de consagração de toda a vida.
A Igreja deposita uma grande confiança nos mais jovens e o apelo a que sejam capazes de dar um testemunho alegre da fé assenta no reconhecimento das suas capacidades, energia, audácia e criatividade. A todos e cada um, Jesus Cristo, o grande amigo, chama a uma vocação e a alguns concede o dom do chamamento ao ministério ordenado. O fundamental é que nenhum deixe de se interrogar sobre a possibilidade desse caminho ou exclua essa hipótese. Esta questão vocacional assume, muitas vezes, a forma de inquietação interior que permanece até se resolver numa opção que pode ser a de entrar num Seminário.
Neste tema tão importante para a vida da Igreja, os cristãos mantêm sempre a confiança de que Deus continua a chamar para a vida sacerdotal. Com o Papa Francisco, estamos convictos de que «o Senhor não pode faltar à sua promessa de que não deixará a Igreja privada dos pastores sem os quais não poderia viver nem realizar a sua missão. E se alguns sacerdotes não dão um bom testemunho, não é por isso que o Senhor deixará de chamar. Pelo contrário, Ele duplica a aposta porque não deixa de cuidar da sua amada Igreja» (CV, 275).
Esta Semana é momento oportuno para que as Dioceses e Congregações Religiosas, o conjunto da Igreja e a sociedade tomem consciência da realidade atual dos Seminários. Em ambientes eclesiais e no espaço público é notória a falta de conhecimento e reconhecimento acerca da vida dos Seminários. Tantas vezes prevalecem as memórias do passado, os preconceitos, ideias feitas e suposições em detrimento do conhecimento real das pessoas, dos percursos formativos e das situações concretas. Podemos começar, desde logo, pela própria palavra «Seminário», muitas vezes reduzida à identificação de um edifício, esquecendo assim a comunidade humana e cristã que aí vive, constituída por aqueles que estão em caminho de discernimento e formação para o ministério sacerdotal e seus formadores.
Esta é também ocasião propícia para manifestar confiança e apoio aos seminaristas, para que sejam fiéis e empenhados no caminho de seguimento e conformação com Cristo, Bom Pastor. As equipas formadoras merecem igualmente todo o reconhecimento pela sua dedicação nesta missão de grande responsabilidade. No atual contexto social e cultural, qualquer função educativa é exigente, mas a preparação dos padres do futuro, capazes de corresponder às necessidades de uma Igreja em renovação e de um mundo em mudança acelerada, não deixa de ser uma causa nobre e estimulante. Não se pode esquecer ainda o relevante contributo de tantas pessoas que têm parte ativa no processo formativo dos Seminários: professores, colaboradores vários, famílias, comunidades cristãs, incluindo o papel decisivo dos presbitérios.
Queremos pedir que, durante esta Semana, os cristãos, na sua oração pessoal, familiar ou comunitária, rezem de forma mais intensa pelos seus Seminários, invocando o Senhor da messe para que mande operários para a sua messe. A oração não só exprime e reforça a comunhão com os Seminários como é uma forma insubstituível de ajuda espiritual. Além desta ajuda, os Seminários em geral carecem de maior apoio material. Confiamos na generosidade do Povo de Deus para com os Seminários que estão ao seu serviço.
Que Jesus Cristo, Bom Pastor, abençoe os nossos Seminários e todos os que deles fazem parte. E Maria, Mãe da Igreja e são José, padroeiro dos Seminários, os protejam com a sua intercessão.
+António Augusto de Oliveira Azevedo
Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios
ORAÇÃO
” Senhor Jesus, que um dia chamaste os primeiros discípulos e fizeste deles pescadores de homens: continua hoje a fazer ressoar
nas comunidades, nas famílias e no coração dos jovens, o teu sublime convite: “Vem e segue-Me!” Faz com que sejam muitos aqueles que, com prontidão, respondem ao Teu chamamento à vida sacerdotal e nunca se envergonhem de dar testemunho de Ti.
Senhor Jesus, rogamos-Te pelos nossos seminários e pelos seminaristas, que ali amadurecem a sua vocação: dá-lhes um coração generoso e forte e concede-lhes o ardente desejo de se entregarem ao serviço de Deus e dos homens. Ampara-os nos momentos de prova e cansaço e nunca se envergonhem de dar testemunho de Ti!
Senhor Jesus, guia os formadores dos nossos seminários com os dons do Teu Espírito de sabedoria e de santidade, para que com a sua presença amiga sejam bons companheiros de viagem, mestres segundo o Teu Evangelho e nunca se envergonhem de dar testemunho de Ti!
Virgem Maria, rainha dos apóstolos e mãe dos sacerdotes, acompanha maternalmente os nossos seminaristas, para que correspondam, sem medo, à vocação que lhes foi doada por Jesus. Faz com que também eles possam pronunciar com alegria e confiança o seu “Eis-me aqui!”, imitando o Teu luminoso exemplo e apoiados na Tua materna intercessão. Recompensa com a tua solicitude os nossos benfeitores e acolhe no teu colo os que já adormeceram em Cristo. Ámen!