Fundamentalismos, Consagrados e fundamentos

No funcionamento da sociedade vigora um paradoxo contraditório: muito rigor nas ciências e tecnologias; muito laxismo, permissividade do tanto faz, na qualidade moral das ações relacionadas com a vida humana de todos e em todas as dimensões.

O mês de fevereiro convida a refletir na vida cristã exigente, fiel e fundamentada. A Igreja católica celebra a consagração das pessoas que optaram por um modo de vida evangélica de porta estreita. Os laxismos secularistas não ajudam; e a máscara dos fanatismos cai quando tiram vidas consagradas a Jesus Cristo.

A corrupção crua e cruel de injustiças e sofrimentos infligidas a tantos, e sempre mais mediatizadas, alastra como mancha de ácido corrosivo. Torna-se difícil avaliar de que lado estão os maiores sofrimentos, se do lado dos fundamentalismos religiosos; se do lado dos relativismos e laxismos morais. Mesmo para os dotados de literacia é difícil o pensar claro e reto. Pôr ordem lógica e racional no falar é um desafio. O relativismo ilógico torna-se epidemia. Os dicionários dão sentidos aos fundamentalismos religiosos, políticos e tecnológicos e tantos outros, a par de sinónimos e opostos. De um lado, rigorismos, fanatismos, pensares meticulosos, picuinhas (e alguns animalescos); do outro, o pensar desleixado, laxista, e seus frutos de comportamentos “apodrecidos” (corruptos) e desumanos. Pouco se repara que a ciência dura das ciências naturais e das tecnologias aplicadas têm de ser rigorosas, rigoristas com fundamento. Vejam o exemplo do controlo atual da epidemia do coronavírus. Algumas técnicas têm de funcionar com toda a segurança, com rigor, mesmo rigorista, para salvar vidas. Rigor apoiado em conceitos de pensar lógico, causalidade eficaz e ordem fundamentada de causas e efeitos. Afinal, fundadas na verdade e na ordem real das coisas e na ordem de Deus criador. Será que alguém ficaria sossegado entregue aos serviços de médicos laxistas, relativistas, negligentes? Não dá mais confiança o bombeiro, mecânico, piloto, cirurgião e o cozinheiro que seguem regras fundamentais de defesa da saúde e da vida?

No funcionamento da sociedade vigora um paradoxo contraditório: muito rigor nas ciências e tecnologias; muito laxismo, permissividade do tanto faz, na qualidade moral das ações relacionadas com a vida humana de todos e em todas as dimensões. Denigrem-se as virtudes e hábitos de justiça, bondade, verdade e retidão; descura-se a lealdade e fidelidade nos compromissos assumidos em família e na sociedade. As virtudes são consideradas antiprogressistas e fanatismo moral. Os ídolos sociais, corruptos nos negócios e nas infidelidades familiares repetidas, são admirados até à adoração; as vidas honestas, à prova de seriedade e de fidelidade aos seus compromissos familiares, sociais e cristãos são esquecidas. Caminha-se para uma cultura de horror e desprezo aos compromissos a cumprir. Só interessa o bem privado individualista em detrimento do bem comum. O bem mundano interesseiro, egoísta, torna-se norma; o bem evangélico, para bem de todos, e a sua validade para a vida eterna é denegrido como fundamentalismo beato e supersticioso.

Será que Cristo também foi fundamentalista e o Evangelho antiprogressista? Jesus propõe amar os inimigos, pede que os seus consagrados (no batismo, crisma, sacerdócio, matrimónio, promessas de compromissos) o sigam dispostos a perder a vida por Ele para a salvar; decididos a deixar tudo por Ele até ao martírio. Alguns mais dados aos laxismos deste mundo, “diabólico”, não o criado por Deus, irão considerar estes consagrados, que antepõem Jesus Cristo ao pai, mãe, irmãs… família, como extremistas ou fanáticos?

Milhares de consagrados, sacerdotes, casais celebram estes dias jubileus de fidelidade e ação de graças a Deus Pai, Filho e Espirito Santo, nas dioceses de todo o mundo, unidos à Mulher do Sim ao Senhor, Nossa Senhora. Nestas celebrações será também oferecida a consagração dos que já deram as suas vidas em ofertas de trabalho pelo bem comum e em ofertas de martírio.

Será que serão equiparados a extremistas, sob o poder do demónio, como chamaram a João Batista, por jejuarem de pão e consumismo, não beberem vinho e viverem nos desertos do silêncio e oração? Ou iguais a mundanos, laxistas, glutões, bebedor de vinho e amigos de pecadores, como a Cristo, por se aventurarem pelas periferias dos miseráveis e dos pecadores (Mt.11, 16-19)? Ler e viver o Evangelho, jejuar, entrar pela porta estreita (Mt7,13-14), amar e perdoar os inimigos, servir a Deus e não ao dinheiro, partilhar com os pobres, não se vingar, será rigorismo e fanatismo? Cristãos comprometidos com Cristo procuram em primeiro lugar o reino de Deus (Mt 6, 33) e aceitam que mais vale perder a vida por Ele que ganhar todo o mundo (Mc 8,34-38) e ficarem com a mão cheia de nada; e que mais vale construir casa sobre rocha que sobre areia (Mt,24-27).
Funchal, Dia de Consagrados, 2.02.2020/Aires Gameiro

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