Fátima, 1917, foco de evangelização oral e escrita

Mês das Missões, outubro. Em 1917 não havia telefones, rádios, TV ou Internet. Nossa Senhora falou com três crianças e a notícia espalhou-se. As feiras da Mmória, Albergaria dos Doze, (onde ouvi rádio pela primeira vez, em 1940), algum semanário, negociantes a cavalo, fizeram o papel de agências noticiosas. A notícia sobre o milagre de 13 de outubro de 1917 chegou rapidamente a muitas terras e a S. Simão de Litém. Quatro homens foram ver e ficaram tocados. O Pe. João Gameiro Alexandre escreveu em 1943 que o seu pai, Joaquim Gameiro Alexandre, foi dos dois ou três que estiveram lá (Hospitalidade, nº 30. abril-junho.1943, pp.43-51). Em 1985, na celebração dos 25 anos de ordenação dos Padres Manuel Nogueira e Aires Gameiro, tornou a escrever e repetiu e disse que o seu irmão, depois de ouvir o pai, quis ser religioso. Ficou-me o desejo de saber quem foram os outros homens. O meu pai, Joaquim Nogueira [Alexandre], apesar de ser primo de Joaquim Gameiro Alexandre, nunca me falou desses homens. Só recentemente fiquei a saber os nomes dos quatro:
1- Joaquim Gameiro Alexandre, pai do Padre João Gameiro Alexandre, do seu irmão António e de três Irmãs religiosas; 2 – Francisco Marques Silva, pai do Manuel Conceição Silva e do Padre Agostinho, Salesiano, e de irmãs Assuncionistas; 3- Manuel Gameiro Neto (sapateiro de profissão), avô das Irmãs Hospitaleiras Jacinta e Albertina, e meu tio materno; 4- Manuel Pereira (Alho), pai de numerosos filhos e avô do Armando Gameiro, meu vizinho e de numerosos outros netos.
A Irmã Albertina Neto, por exemplo, disse que ouviu a várias pessoas que o seu avô, Manuel Gameiro Neto (sapateiro) de Vila Gateira, meu tio materno, tinha estado em Fátima no dia do milagre do sol, não só ele, mas também Francisco Marques Silva do Arnal. O Armando, meu vizinho, escreveu-me que se lembrava de o seu avô Manuel Pereira Alho dizer que «estava muito calor, em Fátima, com o céu limpo, e de um momento para o outro o céu começou a escurecer e uma chuva muito fina a cair, os pastorinhos ajoelharam-se e depois o sol descobriu e o tempo continuou claro e quente».
A filha do Gabriel Jorge, meu vizinho, Geneviève Jorge, no seu livro “Bavardages sous les oliviers, Biographie de Gabriel Jorge” confirma que Manuel Pereira Alho, avô da Georgina, mulher do Gabriel (Marmeleiro), esteve, de facto, em Fátima (p.9). E a Irmã Albertina Neto, prima do Pe. Manuel (Bento) Nogueira, com abertura do processo de beatificação em 5 de abril de 2024, confirma ainda que Manuel Pereira era natural dos Alhos, Vila Pouca, e que teve vários filhos que ela conheceu.
Falei com alguns outros dos vizinhos e familiares destes quatro peregrinos os quais confirmaram terem ouvido falar dessa ida a Fátima aos seus parentes. A Maria Descalça, minha vizinha, disse-me recentemente que o Manuel Pereira Alho era primo da minha tia Joaquina Alha, que casou com o meu tio António Gameiro Alexandre e foi mãe da minha prima Emília. Verifica-se que, destas quatro famílias de peregrinos de 1917, vários foram religiosos, religiosas e sacerdotes.
Dá para pensar que quatro de S. Simão de Litém presenciaram o milagre do sol e ficaram impressionados com o que viram; é muito provável que de outras paróquias das redondezas terá havido outros peregrinos, igualmente tocados e como que fortificados na devoção a Nossa Senhora e à sua mensagem evangélica. As peregrinações anuais ao Santuário que se foram desenvolvendo terão sido um dos efeitos dessa experiência única dos que a viveram. A minha primeira peregrinação, de primeira comunhão, vinte anos depois, em 1937, com o Pe. Manuel Marque Ferreira, o do primeiro interrogatório aos pastorinhos, terá sido mais um elo dos rosários de peregrinações que nunca mais pararam até hoje.
Recentemente, no lançamento de um livro, “Uma Força de Deus Pe. Nuno Filipe O.H.”, um orador exortou os presentes que imitassem o biografado que escreveu dezenas de livros e centenas de artigos sobre muitos temas, em especial, de evangelização, oração e missões. De facto, no mês do Rosário, das Missões e em tempo de guerras, é importante rezar o terço, meditar o Evangelho e anunciar Cristo por voz e escrita. Nossa Senhora veio a Fátima evangelizar três crianças e os peregrinos, e continua a fazê-lo em milhares de outros santuários de Fátima pelo mundo, continua a evangelizar milhões de pessoas em todas as nações. E pediu a Lúcia para escrever, os bispos também pediram e as Irmãs a dizer “tanto escrever! Não sei para quê!” E ela pensava: “têm razão, mas logo encontro a resposta: é para obedecer e atrair as almas para Deus” (Cf. “Carmelo de Coimbra, Um Caminho…”, 2013, p.275). Ela continua a pedir: “fazei tudo o que Jesus e eu vos peço e tereis paz”. Infelizmente, sem oração e evangelização, os erros difundidos pelas ideologias anti-cristãs e messianismos perversos, pseudo-religiosos, provocam guerras contínuas que as capacidades humanas não conseguem pacificar, como se verifica todos os dias.

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