Em memória do padre Gameiro

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Chegou-me a notícia no dia do meu aniversário. Faleceu com 85 anos no dia 25 de agosto de 2019. Conhecemo-nos desde pequenos por sermos vizinhos e por brincar juntos com os seus dois irmãos mais velhos, Manuel e Joaquim, que viriam a casar com primas minhas, uma da parte da mãe e outra da parte do pai. Saí da terra em 1942; ele, após a escola primária, entrou no seminário de Leiria. Em 1950, de visita à minha família, já ele ia adiantado nos estudos e mesmo em férias andava de volta dos livros, alguns dos quais folheei com ele na eira dos seus pais antecipando, da minha parte, os estudos que iria continuar em Angra do Heroísmo, já encaminhado, também, para o sacerdócio como Irmão de S. João de Deus.

Nos anos seguintes trocámos algumas cartas entre nós, algumas das quais ainda se poderão conservar entre a sua papelada e a minha. Lembro-me de numa delas lhe falar do padre João Pereira Venâncio nomeado visitador do Seminário de Angra do Heroísmo por 1952 (?) e que seria seu professor e lhe terei dito que tinha perfil para bispo. E veio a ser aquele que ordenou o padre António. Nas cartas terei ainda abordado algum ponto da vocação sacerdotal que ambos percorríamos.

 Em 1956, já no continente, a caminho de Roma, tive a alegria de participar em S. Simão de Litém na Missa Nova do padre António e de ter participando com o meu pai no almoço festivo desta Missa Nova à sombra dos carvalhos em frente à casa dos pais do novo sacerdote. A festa veio estimular-me na minha última etapa da formação teológica para a minha ordenação, em 14 de agosto de 1960, com o padre Manuel Nogueira, também vizinho do padre António. Ambos celebrámos a primeira missa em S. Simão de Litém no dia de Santo Agostinho, patrono da diocese de Leiria-Fátima, faz agora, dia 28, 59 anos em que participaram no almoço da festa, no salão paroquial construído no tempo do padre Costa, os familiares dos cinco sacerdotes da paróquia, quatro dos Irmãos de S. João de Deus e o padre António, o qual ficou ao centro de uma foto desse dia. 

Quatro dos Irmãos de S. João de Deus e o padre António Gameiro ao centro

Nos tempos seguintes acostumei-me a ver o padre António a orientar as celebrações em Fátima, a vê-lo nas festas de verão em S. Simão, a participar, com ele nos piqueniques do arraial e nas festas dos seus sobrinhos e irmãos. Nos últimos tempos, encontrava-o junto à capelinha das Aparições, onde por vezes me confessei a ele; outras vezes a ouvir as suas saídas espirituosas e espirituais. “Melhor só pior”, respondia por vezes quando lhe perguntava pela saúde em que o problema mais limitante era o da vista que o foi impedindo de ler os meus textos. Mas enquanto pôde continuou com as celebrações do Caminho Neo-Catecumenal e animava-me a continuar dar a colaboração que pudesse na Madeira ao mesmo movimento. 

Quando ia a Fátima, visitava-o; e na Casa do Clero falei com ele no passado dia 12 de agosto em que falámos e nos abençoámos e me disse que já não podia deslocar-se ao seu cantinho junto à Capelinha. Nas missa que celebrei no dia 15 de agosto em S. Simão lembrei-o com todos os outros todos os outros, ao todo 11 sacerdotes da paróquia, 4 dos quais falecidos nos últimos anos. Mal imaginava eu que ia partir para o Pai na noite da véspera do dia do meu aniversário e aumentar para cinco os falecidos.

Uno-me aos seus familiares e em especial aos dois sobrinhos sacerdotes, o padre David Nogueira e o padre Manuel Henrique; e à Diocese, na missa de hoje agradecendo ao Senhor a graça de todo o seu sacerdócio e o meu e de me ter cruzado com ele na vida.

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Captura de ecrã 2024-04-17, às 12.19.04

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