Durante a campanha para as autárquicas, muita roupa suja se tem voltado a lavar e pouco vestuário foi branqueado pelas águas límpidas do confronto de ideias.
Uma cultura democrática não se restringe ao ritual de acenar com a bandeirinha, durante o comício do respetivo partido, ou ao dever cívico do voto. O sistema político vai sendo o que é, mas a mentalidade subjacente é mais plural e difícil de depurar. Há traços indeléveis de adolescência democrática na organização do poder político, de que é paradigma a denominação como “Oposição” dos menos favorecidos nas eleições. Oposição significa criar barreiras, obstaculizar o decurso dos acontecimentos, esboçando logo um comportamento erosivo face ao projeto e trabalho dos vencedores. Porque não um termo menos bélico, substituindo oposição por uma palavra mais construtiva?
Como são bocejantes os discursos críticos da Oposição – seja de que partido for -, incapazes de conter um elogio. Identificar-se-ão os Governos, invariavelmente, com um antro de pseudopolíticos inábeis, esvaziados de um mínimo de talento? É preciso mais fair-play! Aliás, esta nova cultura democrática só valoriza a imagem do candidato face à opinião pública. Não será a melhor maneira de fazer campanha no quotidiano, atuando com espírito construtivo, em colaboração com o poder instituído, sem esquecer a denúncia das omissões e erros, reconhecendo também os méritos aos concorrentes?
Uma visão ingenuamente recortada por um lirismo infantilesco, opinarão alguns. Pois o protótipo do político de amanhã incluirá estes condimentos e os pioneiros deste estilo somarão pontos diante do eleitorado. É este o paradigma do homem da polis católico, servir e não instrumentalizar a política para se servir!