Quantas vezes já nos cruzámos com aquele casal de idosos — seniores, como é polido agora dizer — que passeiam de mãos dadas. Serão septuagenários, octogenários? Não sabemos. Sabemos que terão tantos anos de vida que são suficientes para lhes perdermos a conta e de vista. A idade avançada é uma evidência pelos sulcos que se escavaram no rosto e lhes marcam rudemente as feições. Reparamos nas mãos. Dadas. Parecem ramos entrelaçados. Pelas artroses e mais qualquer coisa. E é esse qualquer coisa que nos chama a atenção, que as tornam, por momentos, as protagonistas de uma história, duas histórias de vida feita em comum.
— Tomara chegarmos aquela idade. — partilhamos. É um desejo que não se fica apenas nos anos de vida. Estende-se aos anos de comunidade. Imaginamos, presumimos, que estarão casados há largas décadas. Mesmo que não estejam, só de pensar nessa possibilidade, nessa conquista que é fazer juntos um caminho durante tanto tempo, isso faz deles os nossos heróis daquela pequena história que, num de repente, se cruzou no nosso trilho. Queremos ser assim.
Hoje falamos aqui de jubilados, de religiosos e casais que festejam 25, 50, 60 anos de compromisso. É uma vida. São muitas vidas, para alguns. Vidas que sobem e que descem. Vidas que correm e que param. Vidas que convidam a viver, a festejar, a celebrar, a cantar. Vidas a quem Deus foi dando empurrões no caminho, para não perderem o balanço.
Também falamos de vidas que foram deixadas a meio para se juntar a outras vidas e continuarem com novos projetos. Hoje, também hoje, temos um testemunho de uma dessas vidas. Vidas de filhos pródigos que se perdem e voltam a encontrar, de bons pastores que procuram ovelhas tresmalhadas, de bons samaritanos que aparecem quando outros abandonam. Numa REDE lá mais para diante perceberemos melhor.