Editorial Rede 18

O senhor Acácio celebrou nos idos de Março a módica quantia de 75 primaveras. Nas mãos, são evidentes a marcas de uma vida a trabalhar de sol a sol, nas obras. São duras, como o cimento que amassou, as mãos. E as pernas também já começaram a dar de si e é frequente vê-lo agarrado à bengala que lhe ampara o andar e reduz o esforço que as articulações, também elas gastas do uso, com algum custo cumprem a sua função.

Há poucas semanas, quem diria, meteu-se num curso de computadores. Naqueles que vão numa carrinha, de terra em terra, a ensinar a quem queira essas coisas das tecnologias. Meteu-se nisso e, vai daí, arranjou um portátil em segunda mão, mandado vir da vizinha Espanha por um dos filhos, que ficava mais barato, que tudo o que vier é ganho.

As mãos do homem continuam grossas e as teclas parecem miudinhas para aqueles dedos. Numa e outra vez consegue apanhar aí umas três ou quatro de uma assentada. Mas lá vai ele. Pouco a pouco, como costuma dizer.

Ainda está no início da aprendizagem tecnológica, pelo que ainda não tem conta de e-mail. Um dos outros filhos, lá lhe arranjou no ambiente de trabalho o “link” que o põe a par da REDE mais recente. “É só carregar”, explicou-lhe, “e assim pode ler a revista”. Deu-lhe mais uma ou duas dicas que o senhor Acácio, apesar da provecta idade, lá conseguiu assimilar.

Viemos a saber, que alguns serões do senhor Acácio, dantes passados a folhear as páginas de jornais que já não existem, são passados a ler a REDE. Folheia-as no teclado, mesmo que às vezes os dedos continuem a açambarcar três ou quatro botões de cada vez. A mulher também parece que ganhou o bichinho. Diz que a lê de lés-a-lés. E que gosta. E que p’ra semana, lá está ela outra vez. “A navegar, como diz a malta nova!”

Esta história é verídica, pelo que a semelhança com a realidade não é nada pura coincidência. Há mais histórias parecidas, com gente lá dentro, daquela gente que a experiência da vida ensinou que não se fica a chorar o tempo que passou e a desdenhar o que outros, mais ágeis conseguem fazer com “essas coisas dos computadores”. E por cada uma dessas histórias, só podemos ficar orgulhosos, porque aí conseguimos cumprir um pouco da nossa missão.

Entretanto, alguém, bem mais novo por sinal, se queixa:

— Tudo muito giro… mas esquecem-se das pessoas idosas.

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