Na passagem do Evangelho segundo S. Marcos proclamada no Domingo de Ramos escutamos esta expressão, relativa à presença de Jesus diante de Pilatos no processo da Sua condenação.
Muitas vezes, em especial quando o Evangelho é proclamado por vários leitores, a palavra “coorte” é dita soando como “côrte”, o que nos leva, mesmo sabendo do que se trata, a estabelecer uma associação com um “conjunto de pessoas importantes”, ou “séquito real”.
Além de S. Marcos, também S. Mateus utiliza o mesmo termo (“coorte”).
Por ser uma palavra estranha, pouco conhecida, quem a lê pensará que se trata de uma gralha na impressão. Mas não é! Ela tem um significado preciso e o modo como é lida pode também contribuir para alguma confusão, que se evita se for pronunciada correctamente. A forma certa de dizer o vocábulo é “cô-órte”, com o primeiro “o” fechado e o segundo “o” aberto. O Inglês e o Francês facilitam esta tarefa porque naquela língua se escreve “cohort” e nesta se escreve “cohorte”.
O que é, então, uma “coorte”?
Trata-se de uma sub-divisão do exército romano, cuja unidade maior era a legião e que estava dividida em 10 coortes. Cada coorte, por sua vez, estava dividida em manípulos e estes em centúrias. Cada centúria tinha cerca de cem legionários e era comandada (como é fácil de deduzir) por um centurião. Se quisermos estabelecer um paralelo com a organização militar actual, podemos afirmar qua uma centúria corresponderia a uma companhia de soldados.
Sem entrar em pormenores técnicos, dado que uma legião podia ter cerca de 5.000 soldados, concluímos que uma coorte teria cerca de 500 legionários, o equivalente hoje em dia a um batalhão.
Sabendo agora o que é uma “coorte” percebemos melhor o ambiente em que se desenrolou o processo da condenação de Jesus, o dramatismo vivido por todos os intervenientes e o que significava “convocar toda a coorte”. Era, pura e simplesmente, convocar toda a caserna, um conjunto de soldados habituados a ver atrocidades, preparados para o pior da natureza humana, treinados para não se deixarem impressionar, chamados a fim de fazerem o que quisessem com o Filho de Deus.
Que esta clarificação nos ajude, neste tempo de Quaresma, a perceber melhor a dimensão e o alcance do infinito amor de Deus por cada um de nós e por todos os Homens.