Dois mil anos de encontros com Cristo, em triângulo de esperança

Cada um dos muitos milhões de batizados na água e no Espírito, neste ano do Jubileu, será procurado por Cristo para um encontro personalizado, a dois, de portas abertas para todos. Portas físicas do Jubileu da Encarnação de Jesus que se abrem pelo mundo para os encontros. De 8 a 25 de janeiro, o oitavário de oração pela unidade dos cristãos proclamará a 2,4 mil milhões (um em cada três pessoas) a pergunta: crês nisto? Rezas e vives o credo da fé cristã formulado no Concílio Ecuménico de Niceia, na Turquia, há 1700 anos? No teu encontro com Cristo responderás que O amas, porque foi crucificado por amor a ti e a todos, e ressuscitou.

Desde há dois mil anos, os encontros pessoais com Jesus não cessam de dar identidade cristã a sucessivos milhões de pessoas, pelas sementes de fé do batismo e pelo “sim” de confiança e esperança n’Ele. Quantos encontros espantosos foram registados e documentados na História! Maravilhosos encontros que alguns historiadores e literatos, sabe-se lá porquê, preferem ignorar, dando mais destaque aos desencontros e esquivando-se a divulgar os renascidos que, nas peregrinações de esperança, aceitaram ser amados por Cristo. Passaram, então, também a fazer o bem aos pequenos, aos pobres e aos doentes.

Seria uma tarefa impossível listar os mais conhecidos que viveram um encontro recíproco de nascer de novo pelo Espírito, como Jesus desafiou Nicodemos. Lembremos alguns: Pedro, Saulo (da festa de dia 25), Inácio de Antioquia, Bento de Núrcia, Francisco de Assis, Catarina de Sena, Inácio de Loyola, Teresa de Ávila, João da Cruz, Carlo Acutis… Durante o Jubileu, muitos de fora das fronteiras cristãs procurarão também uma esperança robusta para as suas vidas.

Milhões de cristãos de batismo e de desejo alimentam-se do encontro coração a coração com Jesus e da escuta da sua Palavra, como o Pai pediu no Monte Tabor: «Este é o meu Filho muito amado, escutai-O». O papa Francisco recorda o Salmo 119: «Espero na tua Palavra». «É um grito de esperança: o homem, no momento da angústia, da tribulação, do não-sentido, clama a Deus e põe nele toda a sua esperança». E Deus revela-se e ama a todos.

Permitam-me que diga duas palavras sobre o encontro de São João de Deus com Jesus, em Granada, na festa de São Sebastião. Um encontro de duas pessoas, preparado por João de Ávila. Para João, foi uma surpresa. Após o sermão de 20 de janeiro de 1538, João correu pelas ruas a gritar por misericórdia: «Senhor, misericórdia!». Um ego a tornar-se indigente. Dá livros e roupa; pede o que sente precisar: perdão. Penitencia-se como pecador e aceita a pena do castigo. «Só pode ser louco», pensam os alheios ao seu encontro de renascido. Não entendendo, alguns rapazes divertem-se à sua custa. Os compadecidos levam-no ao pregador, que já vivia a experiência do encontro pessoal com Cristo e entende que João vive a “loucura” da sabedoria por Cristo, como Saulo após o encontro à porta de Damasco.

Alguns convenceram-se de que João precisava de cuidados hospitalares, mas não da hospitalidade misericordiosa de Cristo. Se era pecador-doente, a cura passaria pelas chicotadas, a horas certas. Tudo isto é histórico. João, na sua “loucura”, sabe que é pecador e queixa-se não dos maus-tratos que recebe, mas daqueles infligidos aos seus companheiros, «meus irmãos». João de Ávila compreende o que ele precisa e envia-lhe um padre amigo, que o assegura da misericórdia de Deus. João encontra paz em Cristo, que o ama, e começa a cuidar dos companheiros. Reza: «Senhor, que eu possa ter um hospital onde assista estes doentes, meus irmãos, como eles precisam». Deus era um bom hospitaleiro para ele, pecador. Por que não ser também ele um bom hospitaleiro para os outros?

Poucas semanas depois, pediu alta e saiu com atestado de “cura”. Após muita oração a Nossa Senhora, em Guadalupe e na catedral de Granada, João descobre, como irmãos, os miseráveis que morrem nas ruas. Por que só agora os vê? Porque o Senhor, bom para com ele, o aquece com o seu perdão e amor. Acolhido pelo Pai misericordioso, João fica curado por Jesus Cristo: é um ferido curado que cura. Recebe o dom da hospitalidade divina e manifesta-o ao acolher os desesperançados da rua. Compreende que os pobres, os doentes, os miseráveis e os pecadores que ama, perdoa e serve são seus irmãos.

João de Deus viveu um triângulo de hospitalidade: Jesus, que deu a vida por ele; ele, que agradece sendo hospitaleiro; e todos, a quem pede: «Fazei o bem a vós mesmos». Ofereceu bens e serviços aos mais frágeis. Que maravilhoso encontro transformado em triângulo de hospitalidade, chamado Ordem e Família de São João de Deus, que «muda a vida das pessoas que começam a ser cristãs» (Bento XVI).

(Cf. As Cartas do Santo (1544-1550); os Documentos do Pleyto, 1572; Vida do Santo por Francisco de Castro, 1585; Gomez-Moreno, San Juan de Dios. Primícias históricas suyas, dispuestas y comentadas, Madrid, 1950).

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