Dia de Baden-Powell nos Marrazes: nem a chuva impede o sonho de um mundo melhor

"Por causa desse sonho, Baden-Powell fundou os escuteiros; porque acreditou neste sonho de um mundo justo para todos."
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— Então? Não disseste ao São Pedro para ser um bocadinho mais meiguinho, hoje? — Terá sido das primeiras perguntas que se trocaram no último domingo. E com razão… A atmosfera estava agreste e as previsões não deixavam nenhuma dúvida: era dia de algum frio e muita chuva.

Os dias anteriores, para além do stresse dos preparativos para acolher bem os previstos 1800 participantes, foram marcados pelo nervoso de quem faz figas para que, aquilo que deu tanto trabalho a pensar e fazer, não fosse tudo… por água abaixo. Por essa altura, já circulava nas redes sociais a possibilidade de apenas se fazer a manhã do programa previsto para o dia 25 de fevereiro.

IMG_3852 © Paulo Adriano

A Região escutista de Leiria-Fátima, é das poucas do país que celebra o Dia de BP com esta envergadura. Todos os anos, há um agrupamento que se oferece para organizar este evento que já é um marco anual para todos os agrupamentos escutistas da Região. Este ano, foi o 737, dos Marrazes, que assumiu a empreitada. E com razões para isso: não é todos os dias que um colectivo faz 50 anos de existência. Por isso, razões redobradas para haver festa. Luís Salgado, chefe-adjunto do Agrupamento, explica que “por o nosso agrupamento celebrar este ano 50 anos de existência, tomámos como desafio fazermos a proposta à Junta Regional de Leiria-Fátima, para que a celebração do nascimento do fundador do escutismo, Baden-Powell, fosse acolhida nos Marrazes”. Em boa hora o fizeram, já que “depois da apresentação da proposta e desta ter sido aceite pela região, colocámos mãos à obra e foi aí que se viu a força da Família 737, que contou não só com associados do agrupamento, mas também com ex-escuteiros e com a grande maioria dos pais, que se dedicaram de corpo e alma a este evento”.

VÍDEOS DO DIA
http://l-f.pt/Pulb

“Uma festa bonita”, disse D. José Ornelas

Embora o primeiro momento do programa fosse a celebração da Eucaristia, presidida pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, com início marcado para as 10h00, as movimentações faziam-se sentir bem cedo. Estavam a seguir-se instruções para que o trânsito não ficasse tão constrangido na hora de ponta do evento.

HOMILIA
https://youtu.be/q96oLqrxe_M

O pavilhão dos Marrazes estava cheio para o início da celebração. No campo, dispuseram-se as quatro secções escutistas, nas bancadas, os pais e amigos dos escuteiros. Dizem que seriam cerca de 2400 pessoas naquela que D. José Ornelas considerou ser “uma festa bonita, porque é bonito o salão em que estamos, é bonito aquilo que celebramos, mas é bonito, sobretudo, por estarmos cá juntos: a cidade e os diversos agrupamentos que temos na Diocese”. Na decoração do espaço destacavam-se os enormes números dependurados no tecto, em referência a todos os agrupamentos da Região.

Durante a homilia, o prelado fez questão de aludir ao sonho que está presente no imaginário escutista: o sonho de deixar o mundo melhor. Numa referência às três religiões do Livro, que têm a sua origem em Abraão, lamentou que as diferenças religiosas “sirvam para nós andarmos todos uns contra os outros”. “Deus pôs Abraão a sonhar um mundo novo”, como o fundador do escutismo pôs os jovens a sonhar, desenvolveu. Alertou, no entanto, que “a estrada para construir um sonho não é sempre direitinha”.

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O sonho do pai dos crentes, foi o sonho continuado por Jesus Cristo. “Jesus estava particularmente atento àqueles que sofriam, àqueles que estavam doentes, àqueles que tinham fome, àqueles que não tinham esperança”, afirmou o bispo de Leiria-Fátima. E continuou a ideia, explicando que, “por causa desse sonho, Baden-Powell fundou os escuteiros; porque acreditou neste sonho de um mundo justo para todos, de um sonho de Deus para toda a humanidade, de um sonho de Deus em que a gente não destrói as coisas uns dos outros, não destrói este planeta, mas onde a gente se põe ao serviço de cuidar para que a ninguém falte o que é preciso”.

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Já no final da celebração, Ivo Faria, chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas, fez questão de dar continuidade ao tema desenvolvido pelo presidente da celebração e disse que “vocês são os construtores daquele sonho, é a vocês que BP confiou a responsabilidade de construírem o sonho dele todos os dias; por isso é que ainda há escuteiros hoje”.

Discurso de Ivo Faria
https://youtu.be/cPxZ_BUY50Y

Tarde molhada, tarde animada

Terminada a celebração, os participantes caíram na realidade: a chuva caía intensamente e era real a possibilidade de cancelamento das atividades da parte da tarde. Enquanto as altas individualidades convidadas para estarem presentes na parte da manhã se deslocaram — a custo, por causa da chuva, é certo — para o local onde se faria para elas o habitual porto de honra, alguns dos pais escuteiros quiseram assistir à palestra feita por Pedro Morouço, presidente da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.

Já os escuteiros, esses tiveram de permanecer no pavilhão até novas instruções. Improvisadamente, foi também aí que acabaram por ter de almoçar, já que a meteorologia não dava tréguas.

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Algum do desânimo que tomou conta das hostes, acabou por desaparecer mal a chuva amainou. E, assim, a tarde continuou com o programa previsto: os escuteiros, divididos pelas várias secções, fizeram os seus jogos, bem como os próprios pais.

Nós acabámos por integrar uma das patrulhas de pais e percorremos os quatro pontos que estavam marcados no mapa, executando algumas tarefas que nos permitiram conhecer melhor a organização de um agrupamento e as formalidades que os escuteiros cumprem nas suas reuniões e actividades. Não ganhámos nenhum prémio, mas tudo valeu pela camaradagem que se criou e que permitiu a todos os participantes terem momentos de diversão. E, claro, sempre com a ameaça das nuvens negras que pairavam no horizonte e que transportavam a água que faltava cair.

Como também é costume neste dia, tudo acaba bem quando acaba em festa. Regressados ao pavilhão, era tempo de conhecer os vencedores dos jogos feitos durante a tarde. O resultado foi muita alegria, muitas palmas, muita música.

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Na reta final, e antes de cada um ir para a sua casa, cantaram os parabéns ao Agrupamento dos Marrazes enquanto um bolo era levado a percorrer toda a extensão do espaço. A chuva, entretanto, tinha regressado, para acompanhar o regresso de cada um.

Discurso de Sónia Cruz
https://youtu.be/hFVK54fjGRU

No fim de tudo, Sónia Cruz, chefe do Agrupamento dos Marrazes, era uma pessoa contente e, sobretudo, realizada. Ela e a restante equipa ainda teria muito trabalho pela frente, já que havia muita coisa para arrumar. No entremeio, aproveitou para partilhar connosco a sua avaliação. “Tudo correu como previsto, exceto o tempo, tendo em conta que a chuva condicionou algumas das atividades ao ar livre”, lamentou. Em compensação, “a avaliação que tivemos de diversos agrupamentos e pais foi muito boa e isso deixa-nos muito orgulhosos, até porque o nosso objetivo foi sempre esse: que todos ficassem com uma recordação inesquecível, “daquele” dia de BP que foi nos Marrazes no ano de 2024”.

ÁLBUM FOTOGRÁFICO
http://lefa.pt/?p=56515
IMG_4909 © Paulo Adriano

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Captura de ecrã 2024-04-17, às 12.19.04

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