Delegados sinodais dão o seu testemunho

Um importante momento da Assembleia Sinodal Diocesana de Leiria-Fátima, realizada na tarde de domingo 22 de maio na Sé de Leiria, aconteceu quando dois delegados sinodais deram o seu testemunho. 

Um importante momento da Assembleia Sinodal Diocesana de Leiria-Fátima, realizada na tarde de domingo 22 de maio na Sé de Leiria, aconteceu quando dois delegados sinodais deram o seu testemunho. 

«Ninguém tem o monopólio da verdade» (Frei Rui Carlos Lopes)

Frei Rui Carlos Lopes, OP é delegado sinodal para as comunidades de vida consagrada na diocese. Considerou que este processo de discernimento e auscultação “dará fruto num futuro que não será imediato” e deixou algumas reflexões a propósito da consulta às comunidades de vida consagrada. 

“As justificações para os parcos resultados são reais: muitas comunidades de vida consagrada [na diocese], grande maioria delas situadas em Fátima, são comunidades pequenas, muitas com grande fragilidade pela vida e saúde dos seus membros. As sucessivas ondas da pandemia atingiram as comunidades e fragilizaram ainda mais a capacidade de poderem refletir em conjunto. Compreende-se também que as comunidades que têm elementos mais jovens são compostas por irmãs vindas de diferentes países, não raramente com dificuldades com a língua portuguesa”. 

A somar a este fatores, frei Rui Carlos refere que “algumas comunidades refletiram sobre os desafios do caminho sinodal a partir do apelo das suas próprias Congregações, com outros canais para manifestar a sua própria contribuição”. 

Ainda assim algumas comunidades masculinas e femininas, realizaram o trabalho proposto pela diocese. “Sublinho, com especial afeto, a partilha das comunidades contemplativas, percebemos bem como estas estão no coração da Igreja”, referiu.

A seu ver, entre os elementos que o Sínodo aponta, que acabam por ser os grandes reptos para a Igreja de hoje, estão o desafio de “uma Igreja que escuta a Palavra”, porque “o processo sinodal tem de ser, antes de mais, marcado pela escuta da Palavra” e o de “uma Igreja que escuta o sopro do Espírito”, com uma “abertura sincera ao Espírito que fala à Igreja”.

“O Espírito ilumina e queima o coração para mudar coisas, para infundir coragem nas decisões, para fortalecer nas dificuldades, para acabar com tantas formas de rigidez que afetam comportamentos no seio da Igreja”, referiu frei Rui Carlos Lopes.

No entender de frei Carlos, outro desafio se apresenta à Igreja neste caminho sinodal, nomeadamente o de “uma Igreja que escuta o homem e a mulher de hoje”, isto porque “muitas vezes a Igreja tem aparecido como aquela que dita sentenças  – muitas vezes condenatórias, temos de reconhecer – mas não escuta”. Por isso, é necessário “dar espaço, construir estruturas de escuta e canais de escuta”.

Como nota importante da caminhada sinodal, o padre dominicano referiu a necessidade de “construir uma Igreja de comunhão”, uma Igreja na qual “o fim da escuta não é levar a decisões em que maioria se opõe a minoria, em que o critério sociológico da melhor aceitação toma as rédeas do futuro”, mas uma Igreja que é “mistério de comunhão e em que avulta a importância do ministério daqueles que devem ser os seus motores: os Bispos e, de forma particular, o sucessor de Pedro”. 

Nas palavras que partilhou com a assembleia ali presente, frei Rui Carlos Lopes vincou a necessidade de “uma Igreja em que todos possam tomar a Palavra”, contra uma “das doenças da Igreja, da qual ainda não estamos livres, o clericalismo”. 

“O caminho sinodal visa, também, ajudar a tomar consciência da necessidade de criar condições, instâncias para que ninguém se sinta privado de voz. Tudo isto parte da consciência de que ninguém tem o monopólio da verdade, e de que não podemos acorrentar o Espírito de Deus”, concluiu.

«E agora, paramos?» (Ana Bem)

Ana Bem é delegada paroquial de Monte Redondo. Na sua partilha sobre a forma como a paróquia de Monte Redondo viveu o percurso sinodal, relembrou as palavras do Papa Francisco no seu apelo à renovação da Igreja. “A Igreja precisa de ajuda, precisa de renovação e o Papa Francisco convoca-nos a todos para esta missão. O Papa não quer uma igreja museu, com muito passado e pouco futuro. Ele quer uma igreja mais próxima, mais peregrina, mais à imagem de Jesus Cristo e mais unida como eram as primeiras comunidades cristãs” referiu.

Confiante de que este Sínodo “dará frutos”, Ana Bem contextualizou que a paróquia de Monte Redondo “estava num processo de mudança”, com um novo pároco, “muito dinâmico e com muita vontade, e que viu neste processo uma grande oportunidade de trabalhar as fragilidades sentidas por todos na nossa paróquia”. 

Após a eleição da delegada e de “levantadas a expetativas e possíveis dificuldades de todo o processo” com o objetivo de “chegar ao maior número possível de pessoas”, foram constituídos “oito grupos e dentro dos mesmos convidámos pessoas para fazer este processo com a delegada”. 

“Felizmente, todos os convidados aceitaram o desafio com muito espírito de missão e posso afirmar que foi um prazer e um orgulho trabalhar com todos. Sempre houve muita união, entreajuda, partilha e respeito”, recordou a delegada paroquial.

A partir do grupo inicial de 13 elementos incluindo a delegada foram convidadas as pessoas para a constituição dos grupos. “Os subdelegados foram convidar as pessoas porta a porta e os apelos para constituir novos grupos ou para fazer parte dos grupos existentes eram uma constante nas nossas eucaristias dominicais: ‘Que ninguém se sinta excluído’, dizia o nosso Pároco, em todas as eucaristias”.

Entre as complexidades que surgiram esteve o contexto pandémico “que veio dificultar muito o processo”, a juntar “aos prazos a cumprir, o inverno, as perguntas muito abertas, o tempo das reuniões”.

“Todos foram convocados, e todos os que queriam estar, estiveram”, sublinha a delegada, que também agradeceu à equipa de coordenação diocesana pelo apoio.

Ana Bem refere que “o sínodo não aconteceu somente na aplicação dos questionários, aconteceu nos momentos recentes, mais importantes da paróquia, aconteceu quando os coros de todas as igrejas não paroquiais se juntaram para celebrar juntos o Tríduo Pascal, cantando numa só voz; aconteceu na Via-Sacra, em que algumas centenas de pessoas se juntaram e caminharam juntas, com muita fé e vontade, como nunca antes”. 

“E agora que acabou todo este processo, paramos? O que queremos e podemos fazer para continuarmos a caminhar juntos? Foi a pergunta feita a toda a equipa do Sínodo da nossa Paróquia, na reunião que tivemos no dia 28 de maio. Claro que não, agora começa o trabalho verdadeiramente dito: escutámos, discernimos e agora atuamos! A messe é grande e há que aproveitar estes operários!”, concluiu.

Partilha da Luz da Paz de Belém
16 de Dezembro
, às 21:30
Compreender o Documento Final do Sínodo
17 de Dezembro
, às 21:00
Encontro dos Catequistas da Adolescência
11 de Janeiro
Formação para catequistas sobre ambientes seguros
25 de Janeiro
, às 09:30
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