O senhor Bispo, D. José Ornelas, foi convidado para estar, em catequese, com os 35 elementos adultos em preparação para o Crisma, e que têm origem nos Pousos ou em algumas paróquias vizinhas (Arrabal, Barreira, Cortes, Leiria, Marrazes, Barosa, Parceiros, Maceira e Marinha Grande).
Talvez também por esta heterogeneidade do grupo, D. José aceitou, em dias, a confirmação da sua presença. Não conseguiu, nesse dia, estar na celebração da Missa com as crianças, devido a outros compromissos dessa tarde.
Declarou que desejaria estar com todos os grupos da Diocese, antes de cada Crisma, para que o processo de vinculação e conhecimento das partes, acontecesse com mais naturalidade, mas, é impossível em termos de agenda anual, atendendo que a Diocese de Leiria- Fátima, tem 73 Paróquias. Talvez encontros com crismandos por Vigararias, seja uma boa oportunidade para estar com todos ou com a maioria.
Como o grupo destes adultos era uma “amostra” ou de registo “parecido”, da intenção acima descrita, talvez tenha ajudado à motivação e disponibilidade para estar connosco. Mas isto é apenas um pequeno detalhe, da imensidão que nos trouxe!
Fizemos-lhe uma proposta inicial com colaboração dos catequistas deste grupo edos crismandos: de lhe fazermos algumas perguntas para se apresentar, onde nos desse a oportunidade de sabermos mais do seu “eu”, da sua identidade pela vida e das suas aspirações.
O percurso mais académico e/ou profissional, encontra-se na internet, onde qualquer um pode aceder e ler.
O grupo pretendia explorar o “lado humano”: enquanto pessoa, enquanto missionário, saber das suas emoções, mais em registo narrativo. Depois, teria toda a liberdade de expor um tema que melhor se adequasse ao grupo e ao contexto.
Não foi bem assim que tudo aconteceu! Foi muito, muito melhor que o plano inicial.
As questões foram colocadas pelos crismandos e todas as respostas falaram sobre si (quem é que não gosta de partilhar a sua história de vida?!), mas em cada resposta deu uma catequese.
Assim, em vez de ter explorado um tema catequético, o senhor Bispo abordou seis temas diferenciados e em sintonia com as perguntas.
Destacou, ao modo de Jesus, que as catequeses narradas e partilhadas são semelhantes às “catequeses” de Jesus (naquele tempo não se usava esta nomenclatura), sempre que Jesus explicava e contava Parábolas.
Tópicos da partilha
Deixa-se aqui as perguntas que serviram de inspiração para que o senhor Bispo se orientasse naquela sessão de catequese, e que durante muito tempo será recordada pelas boas lembranças:
Sendo de uma família Madeirense, conte-nos um pouco das suas origens;
Alguma peripécia de criança ou adolescente que lhe traga boas recordações pela “traquinice”?
Entrada no Seminário: inspirado em alguém, por vontade própria; por necessidade de um percurso escolar mais cuidado e à época ou por outras razões?
No seu percurso de sacerdócio, onde gostou mais de estar e aponte as principais razões.
Pessoas de referência que o inspiram no seu dia-a-dia.
Onde gostaria de envelhecer ou de passar os seus últimos tempos de finitude. Como idealiza esse tempo futuro?
Os presentes perceberam que o percurso missionário do senhor D. José foi o mais marcante da sua vida; aprendeu mais com a experiência humana e espiritual e desenvolveu, ainda mais, o seu talento, gosto e conexão, para ser e estar com os mais excluídos da sociedade e os que se encontram em cuidados paliativos.
E no meio de respostas tão sérias, profundas e catequéticas, lá contava umas anedotas, com muita graça, tanto pelo tom de voz, ótimas imitações, como pelos movimentos corporais, mas sempre para deixar boas mensagens.
Ecos do encontro
Da parte dos crismandos, transcrevemos algumas mensagens do retorno desta sessão:
(…) Agradeço a todos a oportunidade de estar junto de vocês na catequese de hoje, de ter aproveitado esses momentos e do quanto foi importante para mim. As questões foram muito bem elaboradas para interagir com o senhor Bispo.
Gostei muito da experiência que nos proporcionaram. Foi uma catequese diferente, mas que deu para sentir um quentinho no coração (…).
A presença do Sr., Bispo foi inesquecível. Pudemos ouvir as histórias e as lições de vida que partilhou. Foi a melhor sessão de catequese que tivemos e foi uma honra ter podido estar presente nesse momento. É com certeza uma experiência que nunca vou esquecer.
(…) Foi muito sentido e muito individual, todo aquele ambiente angelical. É como se o Espírito Santo que vou receber no Crisma, tivesse chegado mais cedo. A presença de D. José Ornelas encheu-me o coração e por instantes estava eu absorvida a ouvir as suas narrativas tão bem contadas e com tanto sentimento, que uma lágrima no canto do olho eu tentava esconder. Palavras sábias que transmitia, e magníficos conselhos nos dava. Por alguns instantes questionei-me se Deus lhe tinha transmitido os meus medos e receios, pois era como se narrasse para mim. A Catequese está a chegar ao fim e com muita pena minha, pois foram momentos bons e bem vividos com todos. Bem hajam aos catequistas deste grupo e ao Pe. Luís por me terem proporcionado este tempo de ouro.
A catequese no Centro Social, com os idosos e a catequese com o Sr. Bispo, fez-me desejar e pedir que: “repitam sff”!. Quero novamente e quero levar os meus amigos.
Vinho Madeira encerrou os trabalhos
Para finalizar o encontro, orou-se em ação de graças, de mãos dadas e com o grupo unido e a sentir as boas energias uns dos outros, provocadas pelo Espírito Santo.
E porque a hora do jantar já batia à porta, ali se serviram as entradas comuns, que precederam o jantar que cada um deve ter tratado a seguir! Apareceram produtos gastronómicos de várias zonas do país e, claro, sem nunca esquecer os da Ilha da Madeira.
O senhor Bispo serviu cada um com o belo e doce vinho madeirense, de forma orgulhosa da sua terra.
Ficou a promessa de se regressar a provas enológicas mais substanciais, uma vez que o bispo de Leiria parece ser especialista na temática; agendou-se a sessão com termos Tinta Negra, Sercial, Verdelho, etc. Os acompanhamentos serão preparados da parte dos crismandos: mais salgados ou mais doces, estarão em sintonia com o néctar vínico madeirense.
Que Deus o abençoe e volte sempre!
