D. José Ornelas defende participação de todos na reflexão, partilha e tomada de decisões

O bispo de Leiria-Fátima recordou que está a “aprender”, tomou posse da diocese a 13 de março, por isso, chegou numa fase quase final do caminho sinodal nesta Igreja diocesana.

A Diocese de Leiria-Fátima reuniu no sábado e domingo, dia 21 e 22 de maio, os delegados sinodais para uma reflexão dedicada à fase local do Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco, defendendo uma maior participação da comunidade na tomada de decisões.

“A primeira coisa que é preciso é continuar este processo, afirmando que a consulta e participação de todos na reflexão, na partilha, na tomada de decisões, não pode ser uma coisa ocasional, mas tem de pertencer ao ADN da Igreja”, referiu bispo diocesano.

D. José Ornelas explicou a sinodalidade que “não é a lei das maiorias”, mas é “o contar com todo na busca dos caminhos que interessam a todos”, e frisa que “não é simplesmente uma questão de imposição de um pensamento”.

O bispo de Leiria-Fátima recordou que está a “aprender”, tomou posse da diocese a 13 de março, por isso, chegou numa fase quase final do caminho sinodal nesta Igreja diocesana.

“Agora havemos de começar a pôr em prática aquilo que foi sugerido, rezado, pensado, projetado para a Igreja aqui em Leiria-Fátima pelas comunidades, e que agora se entrelaçam para encontrar caminhos para o futuro”, realçou D. José Ornelas, no final da assembleia realizada no seminário diocesano, este sábado.

Já o coordenador da equipa sinodal de Leiria-Fátima, padre José Augusto Rodrigues, destacou que o processo de adesão desta Igreja “foi muito positivo”, as paróquias movimentaram-se e os delegados “fizeram um trabalho muito rico, muito sério, exigente”, e ficaram “agradados” com a quantidade de respostas que receberam aos cinco questionários e “com a diversidade”.

A Diocese de Leiria-Fátima tem 73 paróquias, divididas por nove vigararias; mo primeiro questionário 309 grupos enviaram os seus contributos, correspondentes a 3160 participantes, enquanto no quinto questionário, houve 1532 respostas, distribuídas por 131 grupos.

A partir destas respostas, o padre José Augusto Rodrigues destacou que “as pessoas estão satisfeitas” por lhes pedirem a opinião.

O tema dos ministérios laicais foi novamente “muito sublinhado”, recordando que “o diaconado permanente é uma realidade que ainda não existe na diocese”; quanto aos conselhos pastorais das paroquiais, estes organismos foram “mais uma vez sublinhados e reforçados porque são o espaço preferencial da vivência da sinodalidade”, e o espaço de escuta e integração de todas as realidades humanas e sociais.

O coordenador precisou que um dos cincos questionários era sobre a “dimensão da vivência da autoridade, discernimento, tomada de decisões, avaliação” e foi feito um “panorama muito real”, sendo que a autoridade “muitas vezes se cola em demasia ao ministério ordenado”.

“A questão da autoridade é um ponto a refletir. No mesmo sentido outra questão central, esta reflexão sobre a Igreja sinodal vai-nos obrigar a refletir sobre o lugar do ministério ordenado no seio da comunidade cristã; Não é o mesmo de há 50 anos, a sociedade mudou e a Igreja também tem de mudar, não é a questão do mandar ou não mandar, é uma outra maneira de ser Igreja”, prosseguiu.

A primeira fase do processo sinodal lançado pelo Papa, em outubro de 2021, chega ao fim este mês, com as várias dioceses portuguesas a ultimar uma síntese do trabalho realizado a nível local, que vão entregar à Conferência Episcopal.

Dália Batista, delegada da paróquia de Santa Catarina da Serra, relatou que o processo decorreu de forma “pacífica e interessante”, mesmo não tendo conseguindo o objetivo de “chegar a toda a gente” como gostariam.
Das conclusões, a delegada paroquial para o Sínodo dos Bispos realçou que as pessoas sentem uma “Igreja fechada, falta de abertura”, e um certo clericalismo, “que a Igreja é dos padres e das pessoas que estão a trabalhar com ele”, para além da “saturação de serem sempre os mesmos”.Neste contexto, adiantou ainda para a necessidade de abertura nas várias áreas, para além dos social e caritativo, chegar às pessoas nas suas “necessidades espirituais, talvez um centro de escuta”, porque “grande parte das necessidades são mais no âmbito espiritual, de aconselhamento, no acompanhamento”.
Dália Batista salientou que, ao longo dos últimos meses, fizeram “um diagnóstico da necessidade”, e na assembleia diocesana, a partilha entre paróquias “é interessante para caminhar juntos e tirar o melhor de cada parte”.
Na Marinha Grande, onde tiveram cerca de 10 grupos entre escuteiros, movimentos, com da Mensagem de Fátima, pais da catequese, segundo Lúcio Gomes, “acolhimento” também foi uma das palavras-chaves recorrentes.
O delegado sinodal adianta que este processo se enquadrou num de “renovação pastoral” que estão a refletir “há alguns anos sobre missão, visão”.
Na paróquia da Marinha Grande, a ideia é que, no trabalho de renovação em curso, “a sinodalidade seja um estilo e forma de caminhar e realizar ação pastoral concreta”.
“A caminhada sinodal serviu um pouco para ganharmos consciência do que estamos a fazer bem, às vezes cai-se no discurso mais pessimista e distraímo-nos do caminho que já fizemos. Há muito que temos para fazer mas temos pessoas muito válidas, tem havido uma grande renovação graças também ao percursos Alfa que tem permitido atrair pessoas afastadas ou que não tinham tido nenhuma ligação”, desenvolveu Lúcio Gomes.
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