No sábado, dia 3 de dezembro, foi inaugurada uma escultura em homenagem ao cardeal D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima. Esta iniciativa da Câmara Municipal de Leiria resultou numa obra artística de autoria de Sílvia Patrício, localizada no largo Cónego Maia, ao lado da catedral da cidade.
Numa cerimónia que contou com muitas dezenas de pessoas, entre as quais diversas autoridades civis e religiosas, Gonçalo Lopes, presidente da edilidade leiriense, explicou a razão da homenagem ao bispo que dirigiu a diocese de Leiria-Fátima entre 2006 e 2022. Para o presidente, esta é “uma manifestação pública de afeto e gratidão de toda a comunidade leiriense por D. António Marto” e, por isso mesmo “este é um ato público por excelência do reconhecimento de Leiria na sua dimensão mais nobre”. No entender de Gonçalo Lopes “somos todos nós cidadãos gratos e reconhecidos pelo episcopado que nos ofereceu ao longo de todos estes anos” pelo que a homenagem “assume uma dimensão de profundo simbolismo, a começar pelo local onde se realiza, junto ao coração espiritual da nossa comunidade”. Salientou ainda que o bispo emérito “deverá ser reconhecido na história da nossa Diocese e do nosso município pela sua elevação e brilhantismo intelectual, pelo dom da palavra e, sobretudo, pelo dom da empatia e da proximidade tão cristalinos, espelhados no olhar tão cativante quanto sorridente, transbordante, ao mesmo tempo, de simplicidade e sabedoria”.
Um das pessoas envolvidas na produção da homenagem foi Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento do Património Cultural da Diocese. A ele coube a explicação da peça que mede três metros de altura por 1,70 de largura, “sendo constituída por um conjunto de placas de aço corten artisticamente trabalhadas através de aberturas que desenham a figura do homenageado”.
O bispo atual da Diocese, D. José Ornelas, também esteve presente e tomou a palavra para manifestar o apreço especial e pessoal que tem pelo seu predecessor. “É muito gratificante ver a figura de D. António Marto nesta cidade que se quer construir com valores ao serviço das pessoas”, referiu.
O cardeal, no seu discurso de agradecimento, manifestou a sua emoção pela deferência com que a Câmara Municipal de Leiria o presenteou. “Quem me conhece, sabe que, no exercício da minha função, nunca procurei nem louvores, nem honras, nem privilégios”, começou por dizer. Todavia, “com a simplicidade e alegria de coração com que exerci a missão, também aceito esta homenagem como expressão da estima e do reconhecimento não só à minha pessoa, mas também à Igreja”.
Em alusão à peça escultórica que o apresenta de braços abertos como é característico, explicou que essa representação traduz o que quis sempre levar para o seu episcopado, acolhendo todos “sem distinção nem discriminação, sem etiquetar ninguém, de maneira particular os mais frágeis e os mais indefesos, com carinho particular para os pequenitos, e também aos idosos e doentes”.
Também fez uma referência à frase que se encontra num dos lados da escultura e que também serviu de mote para a sua missão: “a fé não é vivida numa redoma de vidro, mas no meio do mundo. Ninguém escolhe o mundo em que quer viver. Temos de tomar consciência do mundo em que vivemos e dos desafios que nos coloca. Este é um mundo novo”.
Ao terminar o seu discurso, não quis deixar de usar as palavras do Papa Francisco para falar da “virtude da amabilidade”, que também vem propósito do tempo de natal. “A amabilidade é uma libertação da crueldade que às vezes penetra nas relações humanos, uma libertação da ansiedade que não nos deixa pensar nos outros”, referiu. Para D. António Marto, “o exercício da amabilidade não é insignificante, pressupõe estima e respeito, transforma relações sociais, facilita a busca de consensos e abre caminhos contra a exasperação”. Coincidência ou talvez não, o coro infantil da Academia Coral Mezzo, orientado pelo maestro Jorge Narciso, encerrou a homenagem com a interpretação de três peças, tendo a última como refrão “ser amável é tão agradável”.
http://l-f.pt/Utdn