Ao longo da vida, vamos recebendo lições que nos marcam para sempre. Tive algumas. Vou partilhar com os leitores da Rede uma delas, que nos recorda uma confissão quaresmal.
Era quaresma do ano de 1980. Não recordo o dia, mas para o caso pouco importa. Na cidade de Leiria, um jovem assalta uma viatura ligeira, furtando dela uma máquina fotográfica. O proprietário da viatura dirigiu-se à esquadra da PSP para apresentar queixa contra desconhecidos.
No dia seguinte, compareceu ali o saudoso e amigo Dr. Aurélio Galamba (paz à sua alma), fazendo a entrega de uma máquina fotográfica e dizendo que a mesma lhe havia sido entregue, pouco antes, por um rapaz durante a confissão.
O graduado de serviço ficou admirado com o sucedido e, embora sabendo que o segredo da confissão é inviolável, fez-lhe a seguinte pergunta, em tom de brincadeira, pois era seu amigo:
— Sabe o nome do rapaz?
Resposta pronta e sem possibilidade de comentários:
— Não sei e, se soubesse, não lho dizia.
Desnecessário será dizer ao leitor que a máquina entregue era a que, no dia anterior, havia sido furtada da viatura.
Era quaresma, como já dissemos. Teria o rapaz o bom costume de se confessar? Ou seria o arrependimento do mal praticado? Na certeza, porém, podemos supor que, no espírito perturbado daquele jovem, após o furto, se terá travado uma luta de gigantes, que todos possuímos dentro de nós: a do bem e a do mal. Venceu o bem. E o rapaz terá ficado em paz com a sua consciência e de bem com Deus.
Por outro lado, este acontecimento pode dissipar dúvidas, a quem ainda as tiver, de que o segredo da confissão é sacramental e inviolável.
A todos os leitores, votos de uma boa e santa Páscoa.