“Desafios da Família, Hoje” foi o mote de uma conferência que juntou cerca de uma centena de pessoas das diversas paróquias da vigararia de Ourém no centro paroquial de Nossa Senhora da Piedade, no passado dia 7 de março.
Margarida Neto, médica psiquiatra e ex-Alta Comissária para os Assuntos da Família, foi a convidada para ajudar os participantes a refletirem e aprofundarem questões essenciais da vida matrimonial e familiar, no âmbito da temática pastoral diocesana deste biénio.
Segundo uma nota enviada pelo vigário de Ourém, padre Joaquim Batista, a oradora começou por sublinhar a essência da família como “rede de relações fortes e íntimas do nascer ao morrer, constituída a partir de um compromisso de vida estável e duradoiro, assumido por um homem e uma mulher, decididos a viver toda uma vida, não a olharem um para o outro, mas os dois na mesma direção”. Esta aliança, nascida no amor e vivida no quotidiano, “gera intimidade e comunhão, salvaguarda as diferenças, promove a paridade e a reciprocidade e realiza a complementaridade”.
Segundo Margarida Neto, uma das atuais dificuldades desta aliança matrimonial é a necessidade de se fazer “uma escolha que comporta alegrias e dores” e que exige o sacrifício pelo outro. “Na cultura dominante, o casamento tem como base apenas o sentimento e a procura de que o outro preencha todas as necessidades”, referiu a oradora, alertando para o facto de a fase inicial da paixão não durar sempre e ser o amor que “põe ponto final na paixão e desencadeia a comunicação, a alegria, o perdão, a vontade de recomeçar, a quebra da rotina, o equilíbrio entre fusão e autonomia”.
A convidada abordou ainda a relação da família com a sociedade, considerando que aquela é o coração e o “colo” desta, na medida em que é “lugar e espaço de reconciliação, paz, constante recomeço, trabalho, descanso, ir e voltar, mas também lugar e espaço de dor, solidão, sofrimento e morte”.
Como conclui o padre Joaquim Batista, os participantes nesta conferência ficaram com a clara noção de que “é na família que tudo acontece” e é na vivência do amor familiar quotidiano que “o coração do homem e o coração da mulher encontram o coração de Deus”.
