Este é um movimento laical surgido do Renovamento Carismático Católico e da corrente missionária pós-Vaticano II. A génese encontra-se num grupo de oração fundado em Paris, em 1972, por Pierre Goursat e Martine Laffitte-Catta. “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho ao qual será dado o nome de Emanuel” (Is 7, 14 e Mt 1, 23) foi a frase que lhe inspirou o nome e resume o carisma: servir e anunciar o Messias. 

Assume-se como comunidade de vida que “reúne fiéis de todos os estados de vida que desejem comprometer-se em conjunto, numa vida simultaneamente contemplativa e apostólica no seio da Igreja Católica”. Com reconhecimento pontifício como associação pública internacional de fiéis, em dezembro de 1992, a Comunidade Emanuel está atualmente implantada em mais de 70 países dos cinco continentes, tendo cerca de 10 mil membros, entre os quais 225 padres, uma centena de seminaristas, vários bispos, 200 homens e mulheres consagrados no celibato. Animam diversas instituições e serviços pastorais em cerca de 70 paróquias de todo o mundo.

A sua vinda para Portugal deu-se nesse mesmo ano de 1992, quando a então comunidade Caminho Novo, fundada pelo padre Jorge Santos, decidiu unir-se e fundir-se na Comunidade Emanuel internacional. Neste momento, tem no país cerca de uma centena de membros, maioritariamente nas dioceses de Lisboa, Coimbra e Leiria-Fátima.

Um nome como carisma

“Emanuel”, Deus connosco, resume a vocação da Comunidade. Tal como Cristo veio ao mundo e se aproximou dos homens para lhes trazer a salvação, assim também os seus membros são chamados a viver unidos a Deus no mundo, tornando-se apóstolos do seu amor e testemunhas da sua misericórdia junto dos homens e mulheres do nosso tempo.

Com uma vida simples e em espírito de pobreza, o caminho de santificação dos seus membros parte da união com Deus, através da oração e da adoração eucarística profunda, à semelhança de Maria que acolheu o Emanuel no seu seio e “guardava todas as suas palavras no coração”. Daí nasce a descoberta da compaixão pelos irmãos que morrem de fome material e espiritual e o consequente compromisso comunitário de anúncio da salvação, em meios concretos como o acolhimento e acompanhamento dos mais pobres, a vida fraterna, a partilha espiritual e material.

Diversos modos de evangelizar

A evangelização da Comunidade Emanuel comporta diferentes aspetos, orientada especialmente para os que não conhecem Cristo ou dele se afastaram. Manifesta-se, em primeiro lugar, pelo testemunho individual nos círculos de vida de cada um, na família, no trabalho, com os amigos. Depois, exprime-se pelo empenhamento de cada um nas atividades da Igreja local em que vivem ou em missões que lhe são confiadas explicitamente pela Igreja universal.

Além disso, assume ainda a participação em iniciativas apostólicas nascidas na própria Comunidade, em resposta a novas situações sociais, económicas, políticas ou culturais. É o caso dos projetos “Amor e Verdade”, orientado para a evangelização dos casais e das famílias, “Escolas de Evangelização” e “Fóruns Jovens”, direcionados aos jovens, e “Fidesco”, de formação e envio de missionários “Ad Gentes”.

Entrevista a Catarina e Christophe Deboeuf,

responsáveis da Comunidade Emanuel em Portugal

“Ser a presença de Jesus no meio do mundo”

Naturais de S. Julião da Figueira da Foz, Catarina e Christophe Deboeuf são, há três anos, os responsáveis pela Comunidade Emanuel em Portugal. Ela, professora de 38 anos, e ele, informático de 40, pertencem à comunidade há 15 e 22 anos, respectivamente, são casados e residem em Fátima.

A Comunidade Emanuel (CE) chegou a Portugal em 1992, 20 anos depois da fundação em França. Quando e como foi a vinda para a diocese de Leiria-Fátima?

A CE veio para esta diocese uns quatro ou cinco anos depois de se ter estabelecido em Portugal. Foi um pequeno grupo de membros que decidiu começar a sua vida profissional em Fátima. Durante uns anos, o Santuário de Fátima confiou-nos a Casa da Visitação para o acolhimento de jovens.

A experiência destes anos revelou-se positiva?

Sim, pois muitos jovens conheceram a Comunidade através do serviço de acolhimento que prestávamos no Santuário. Puderam, assim, fazer uma experiência do amor de Deus e e dar ali um testemunho de alegria e de fé.

Em concreto, como é a vida da Comunidade nesta diocese?

Neste momento somos, apenas, um grupo de 10 membros a residir na Diocese. Encontramo-nos semanalmente para um tempo de oração e partilha sobre a ação de Deus na nossa vida e como a Palavra de Deus nos conduz no nosso dia a dia.

A CE afirma-se simultaneamente contemplativa e apostólica. Como gerem essa dupla vertente, aparentemente divergente?

Os membros da CE comprometem-se, na medida do possível, a uma hora diária de adoração ao Santíssimo Sacramento. É desta adoração que nasce a compaixão pelos homens de hoje, que nos leva a evangelizar, isto é, no nosso trabalho, na família, no nosso dia a dia, falar do amor de Jesus. Como dizia o nosso fundador, Pierre Goursat:”Se adoramos, entregamo-nos inteiramente nos braços de Jesus e pedimos-lhe que nos abra o coração. Ardemos de amor e irradiamos. E como ardemos de amor, quer estejamos na oração, quer com os doentes, estamos sempre a arder de amor, vemos Jesus em toda a parte” (Rezar com Pierre Goursat, Francis Kohn).

Como definiria o perfil de um potencial membro da Comunidade? E como deverá fazer que queira integrá-la?

Os membros da Comunidade entram nela para responderem a um chamamento de Deus: estar juntos para progredir na santidade, servir e anunciar Cristo. Quem queira conhecer a CE poderá entrar em contacto connosco pelo email: cemanuelportugal@gmail.com.

Para vós, ser “Emanuel” é…

…ser a presença de Jesus no meio do mundo.