“Christus Vivit”: o Papa publica Exortação Apostólica Pós-sinodal dedicada aos jovens

O Vaticano publicou no dia 2 de abril a exortação apostólica ‘Cristo Vive’, do Papa, que recolhe as conclusões da assembleia do Sínodo dos Bispos que decorreu em outubro de 2018, sobre a Igreja Católica e as novas gerações. Um texto em que Francisco entra em diálogo, muitas vezes, com os jovens de todo o mundo.

Neste documento, o Papa admite que a Igreja Católica tem cometido falhas na relação com as novas gerações, pedindo maior abertura e respostas diferentes.

“Precisamos de uma pastoral popular juvenil que abra portas e ofereça espaço a todos e a cada um com as suas dúvidas, os seus traumas, os seus problemas e a sua busca de identidade, os seus erros, a sua história, as suas experiências de pecado e todas as suas dificuldades”, escreve, na exortação apostólica ‘Cristo Vive’, divulgada hoje pelo Vaticano.

Queridos jovens, ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e medrosos. Correi atraídos por aquele Rosto tão amado, que adoramos na sagrada Eucaristia e reconhecemos na carne do irmão que sofre…A Igreja precisa do vosso ímpeto, das vossas intuições, da vossa fé…E quando chegardes aonde nós ainda não chegamos, tende a paciência de esperar por nós

O texto dá continuidade à assembleia do Sínodo dos Bispos que em outubro de 2018 debateu a relação dos jovens com a Igreja Católica.

Francisco sublinha o “embate das mudanças sociais e culturais” na ação da Igreja Católica, observando que os jovens, “muitas vezes não encontram respostas para as suas inquietações, necessidades, problemáticas e feridas”.

Protagonismo aos mais novos

O documento defende a necessidade de “novos estilos e novas estratégias”, que dêem protagonismo aos mais novos em campos como as redes sociais. “Sabem organizar festivais, provas desportivas e até sabem evangelizar nas redes sociais através de mensagens, canções, vídeos e outras intervenções. Só é preciso estimular os jovens e dar-lhes liberdade para que eles se entusiasmem missionando nos âmbitos juvenis”, precisa o Papa.

Para Francisco, é indispensável oferecer lugares próprios aos jovens, onde possam “entrar e sair com liberdade”.

O texto destaca o crescimento de associações e movimentos com características predominantemente juvenis, convidando a aprofundar a participação destes na “pastoral de conjunto da Igreja”.

“Os universitários podem unir-se de maneira interdisciplinar para aplicar o seu saber à resolução de problemas sociais e, nessa missão, podem trabalhar lado a lado com jovens de outras Igrejas ou de outras religiões”, aponta, como exemplo.

Como “grandes linhas de ação”, o pontífice apresenta o “chamamento” para a experiência religioso e o desenvolvimento de um “caminho de amadurecimento” daqueles que já fizeram essa experiência.

Doutrina Moral: prioridade, mas não obsessão

A formação “doutrinal e moral”, observa, não dever ser uma “obsessão”, sendo prioritário “suscitar e enraizar as grandes experiências que sustentam a vida cristã”.

Francisco destaca a importância da educação e da escola católica como “espaço de evangelização”, mas rejeita uma pastoral concentrada na “instrução religiosa”, sem “experiências de fé perduráveis”.

“Muitos jovens são capazes de aprender a saborear o silêncio e a intimidade com Deus. Também têm aumentado os grupos que se reúnem para adorar o Santíssimo ou para rezar com a Palavra de Deus. Não devemos menosprezar os jovens como se fossem incapazes de se abrir a propostas contemplativas”, alerta.

O Papa destaca a importância de valorizar iniciativas de serviço ao próximo, as expressões artísticas, a prática desportiva ou o contacto com a natureza, como acontece com os Escuteiros.

Pastoral popular e flexível

A exortação advoga uma “pastoral popular juvenil”, mais “ampla e flexível”, contrariando uma proposta católica “separada das culturas juvenis e apta apenas para uma elite juvenil cristã”.

Além da pastoral popular juvenil, o pontífice fala numa “missão popular, incontrolável”, que rompe os esquemas eclesiásticos.

“Os jovens, porém, são capazes de criar novas formas de missão, nos âmbitos mais diversos. Por exemplo, como eles se movem tão bem nas redes sociais, devem ser convocados para que as encham de Deus, de fraternidade e de compromisso”, precisa.

O documento é composto por nove capítulos divididos em 299 parágrafos. O Papa explica que se deixou “inspirar pela riqueza das reflexões e diálogos do Sínodo dos jovens”, celebrado no Vaticano em outubro de 2018.

O texto propõe a construção do que denomina como “amizade social”, com o trabalho junto de idosos, doentes ou pobres, em iniciativas que já envolvem muitos jovens.

“Seria bom que essa energia comunitária se aplicasse não só a ações esporádicas, mas de uma forma estável, com objetivos claros e uma boa organização, que ajude a levar a cabo uma obra mais continuada e eficiente”, realça.

Francisco considera ainda necessário que a pastoral juvenil e a pastoral familiar tenham uma “continuidade natural”, trabalhando de maneira “coordenada e integrada”.

A Exortação apostólica pós-sinodal ‘Cristo Vive’, dedicada aos jovens, foi assinada a 25 de março, no santuário mariano do Loreto (Itália), na sequência do Sínodo dos Bispos dedicado às novas gerações, que decorreu em outubro de 2018, desejando que a Igreja ouça os jovens e os ajude a encontrar o seu caminho de vida.

10 conselhos do Papa para os jovens de todo o mundo

  1. Tantos jovens, em muitas partes do Globo, têm saído para as ruas para manifestar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens na rua. São jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixeis que outros sejam os protagonistas da mudança. Sois vós que tendes o futuro.
  2. A oração é um desafio e uma aventura. E que aventura! Permite que o conheçamos cada vez melhor, que entremos na sua densidade e que cresçamos numa união cada vez mais forte.
  3. Tu tens de descobrir quem és e de desenvolver a tua forma própria de ser santo, para lá daquilo que disserem e opinarem os demais. Chegar a ser santo é chegar a ser mais plenamente tu próprio, a ser esse que Deus quis sonhar e criar, não uma fotocópia.
  4. Procura, antes, esses espaços de calma e de silêncio que te permitam refletir, orar, olhar melhor o mundo que te rodeia, e então sim, com Jesus, poderás reconhecer qual é a tua vocação nesta terra.
  5. Fazei barulho! Deitai fora os medos que vos paralisam, para que não vos convertais em jovens mumificados. Vivei! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri a porta da gaiola e saí a voar! Por favor, não vos reformeis antes de tempo.
  6. Enquanto lutas para dar forma aos teus sonhos, vive plenamente o hoje, entrega-lhe tudo e enche cada momento de amor. Porque é verdade que este dia da tua juventude pode ser o último, e então vale a pena vivê-lo com toda a garra e com toda a profundidade possível.
  7. A amizade não é uma relação fugaz ou passageira, mas estável, firme, fiel, que amadurece com o passar do tempo. É uma relação de afeto que nos faz sentir unidos e, ao mesmo tempo, é um amor generoso, que nos leva a procurar o bem do amigo.
  8. O teu desenvolvimento espiritual manifesta-se, antes de mais, crescendo no amor fraterno, generoso, misericordioso (…). Oxalá vivas cada vez mais esse «êxtase» que é sair de ti mesmo para procurar o bem dos outros, até dar a vida.
  9. Queridos jovens, não aceiteis que usem a vossa juventude para fomentar uma vida superficial, que confunde a beleza com a aparência.
  10. O modelo de beleza é um modelo juvenil, mas estejamos atentos, porque isso não é um elogio para os jovens. Significa apenas que os adultos querem roubar a juventude para si, e não que respeitam, amam e cuidam dos jovens.
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