Este mês (13 de julho) celebramos a dedicação da Catedral ou Sé de Leiria, ocorrida há 450 anos (1574) – título que esta igreja perdeu quando a diocese foi extinta (1882) e recuperou na sua restauração (1918) – por ser nela que o Bispo tem a sua cátedra ou sede para presidir e servir a comunhão do Povo santo de Deus que lhe está confiado.
Como em muitos outros momentos da nossa história secular, também este se reveste de especial significado, pelo processo sinodal em curso e pela conversão pastoral da nossa Diocese, em fase de implementação, que, como esperamos, nos há-de tornar mais e melhores servidores da missão que Jesus nos confiou: anunciar o Reino de Deus!
De facto, não obstante as dificuldades inerentes à mudança, o caminho sinodal está a fazer crescer na Igreja uma visão positiva sobre a participação de todos os batizados na sua missão. Nesta visão não há oposição entre ministérios ordenados e não ordenados. Todos, pela vocação batismal, somos chamados a ser discípulos missionários do Senhor.
Com os movimentos de renovação eclesial da primeira metade do século XX, que ajudaram a preparar o II Concílio do Vaticano, e os esforços continuados de implementação das suas orientações, foi possível percorrer caminhos novos que dão corpo a uma nova cultura eclesial cujo princípio inspirador é o primado da dignidade e radical igualdade batismais.
Há, pois, um sincero desejo de superar a visão que reservava para os Ministros ordenados (Bispos, Presbíteros, Diáconos) as funções ativas na Igreja, reduzindo a participação dos leigos e leigas a uma colaboração subordinada. Como nos recorda o Projeto Pastoral, o Batismo é a fonte de todas as vocações, carismas e ministérios para o bem de todos!
Somos, por isso, chamados a caminhar juntos para discernir os carismas e ministérios necessários ao serviço do Povo de Deus e à evangelização das realidades envolventes, pois não basta olhar para dentro, temos de ser “Igreja em saída”, dando novo impulso à evangelização dos vários âmbitos da vida social, cultural, económica e política.
Contudo, não será necessário dar a mesma visibilidade a todos os ministérios que brotam da graça batismal: a maioria deles são espontâneos e respondem a situações concretas; outros haverá que, embora necessários e reconhecidos, não carecem de instituição, bastando, para a missão a desempenhar, o sentido da fé e a competência própria.
No entanto, há alguns que, uma vez reconhecidos e feita a formação necessária, precisam de ser instituídos pela sua relevância no serviço à Comunidade. Ser Igreja sinodal implica, precisamente, a capacidade de discernir juntos os ministérios que devem ser criados ou promovidos à luz dos sinais dos tempos, como resposta da Igreja ao serviço do Mundo.
Os ministérios a instituir destinam-se, sobretudo, à coordenação de serviços eclesiais e à animação de respostas eclesiais às necessidades da Comunidade, certos de que tudo será mais fácil se formos “assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). Estes são, deste o início, os elementos estruturantes da sinodalidade.
Neste espírito sinodal, convida-se a Comunidade diocesana para o seguinte programa na Catedral de Leiria, no sábado dia 13 de julho: às 18h15, concerto de órgão evocativo dos 450 anos da sua dedicação, por Rute Martins; às 19h00, celebração da Eucaristia, presidida pelo nosso bispo D. José Ornelas.