Foi apresentado o II volume da “História da Casa de Saúde S. João de Deus na Madeira”, no dia 22 de Maio, em Lisboa, pelo ilustre catedrático de Estudos Globais da Universidade Aberta, Prof. Doutor José Eduardo Franco e, em breve, terá nova apresentação no Funchal, a 27 de junho. Trabalho histórico de grande envergadura, do Irmão Pe. Aires Gameiro, constitui referência ímpar no contexto da presença da Ordem Hospitaleira na Madeira sob o lema do “Bem Fazer”. Recorda os iniciadores, as adversidades, os dinamismos e as realidades de uma instituição que, 100 anos depois, continua a merecer as maiores atenções e interesse, qual árvore frondosa, a coincidir com os seis séculos do povoamento da Madeira (1425). O apresentador do livro com humor afirmou que o autor (Aires Gameiro) é uma espécie de “esplendor da velhice” como memória a fazer memória da Casa de Saúde S. João de Deus, no Funchal. História centenária ainda ficará incompleta como toda a obra humana apesar dos dois volumes de mais de 400 páginas cada um.
Este livro, dizia o apresentador, é importante por ser de memória do que já se fez de bom; pois sem memória a humanidade desorienta-se nos caminhos para o futuro. Infelizmente, muitos tentam apagar a memória do bem realizado com tentativas de cancelamento. Uma Casa como esta (a de São João de Deus no Funchal) é um microcosmos de memória da história dos cuidados de saúde. Para contrariar alguns secularistas que tentam apagar as obras das ordens religiosas convém avivar a sua memória com a publicação de histórias monumentais.
O autor do livro agradeceu ao ilustre apresentador com algumas notas do currículo do Professor Eduardo Franco, vulto de investigação, coordenação e publicação de dezenas de obras extraordinárias com quem tem colaborado e aprendido muito.
Para o autor, o livro é como uma “escultura” feita de pormenores, um “monumento centenário de solidariedade e hospitalidade na área da saúde mental na Madeira, reconhecido como marco na evolução dos cuidados psiquiátricos na Madeira”. A inventariação das edificações ao longo das décadas do século XX, até hoje, surge nesta “História” como fonte de consulta indispensável para os tempos vindouros. Constitui um registo e homenagem a “milhares de pessoas que se cruzaram com esta Casa de Hospitalidade, desde há mais de cem anos, e de que o livro faz a memória que me foi possível”, sublinha o Pe. Aires Gameiro, que se considera um “historiador amador” e que, no entanto, continua incansável na sua produção literária e na publicação de livros.
Há pouco tempo (Março de 2025) deu à luz o segundo livro de poemas intitulado “Sopros e Respiros de Crescer e Ascender”, em versos que traduzem vivências espirituais, ações apostólicas, temas contemporâneos, em forma de “louvor, gratidão, saudações, memórias e homenagens”. Para o sacerdote da OH, doutorado em teologia pastoral da saúde e psicólogo, que fará 96 anos no próximo mês de Agosto, o trabalho não assusta e “se Deus me der vida e saúde que baste, não poderei ficar parado”, disse numa entrevista. “Podia dizer que para mim escrever me dá gozo. É dar da vida recebida; e do que recebi de um livro aberto por Deus, a criação, que fui encontrando escrita em centenas, milhares de pessoas que se cruzaram comigo, na minha longa vida, e está escrita por todo o lado e convida à leitura”, acrescentou.
É de louvar, por isso, a “História da Casa de Saúde de S. João de Deus na Madeira”, um importante marco na saúde mental na Madeira que a Ordem Hospitaleira começou a construir há mais de 100 anos e que agora se encontra registada em dois volumes, através do labor, dedicação, espírito solidário, criatividade e serviço ao irmão, do Pe. Aires Gameiro.
A obra interessa a todos, não apenas de arquivo, de conhecimentos diversificados que ajudam também a compreender a caminhada da identidade insular no campo da saúde em determinados cenários, causas e efeitos, motivações, esperanças e realizações. Bem-haja!