A Conferência Episcopal de Moçambique, reunida em Assembleia Plenária, emitiu uma declaração na qual apela ao “direito à manifestação pacífica” e ao respeito pela vida, num momento em que as manifestações pós-eleitorais se intensificam em Maputo e outras cidades do país. Com estas declarações, os bispos exortam os manifestantes a não se deixarem “instrumentalizar” por atos de violência, evitando qualquer envolvimento em vandalismo e desestabilização.
D. João Carlos Nunes, arcebispo de Maputo, declarou, numa mensagem em vídeo, que “a vida de cada pessoa deve ser respeitada”, pedindo que as autoridades não recorram à violência para silenciar os manifestantes e alertando para a necessidade de evitar “o derramamento de sangue”. Este apelo surge após uma intervenção policial, em que a dispersão de manifestantes no bairro de Maxaquene, que seguiam rumo ao centro da cidade, resultou no uso de gás lacrimogéneo.
A reação dos bispos reflete preocupações anteriormente manifestadas a 22 de outubro, quando a Conferência Episcopal apelou à “coragem para o diálogo” e à reposição da verdade, face a alegações de “fraude grosseira” nas eleições de 9 de outubro. Num momento em que as manifestações assinalam o oitavo dia consecutivo, com paralisações e confrontos entre a polícia e os manifestantes, os líderes da Igreja Católica reforçam a necessidade de “espaços de colaboração” e “coragem para dialogar” como elementos fundamentais para a construção de um futuro pacífico e democrático.
A Igreja exorta ainda as “instituições competentes e sérias” a garantirem transparência nos processos eleitorais, defendendo a publicação de resultados fidedignos, que reflitam os dados disponíveis nos editais originais. Reafirmando o compromisso com a paz e o respeito à vida, a Conferência Episcopal aponta o diálogo e a tolerância como os únicos caminhos para a transformação social em Moçambique, num momento que descrevem como um “momento de tensão” para o povo moçambicano.
As manifestações foram convocadas por Venâncio Mondlane, candidato da oposição que, contestando os resultados oficiais divulgados pela Comissão Nacional de Eleições, apelou à mobilização nacional. Na mensagem final, D. João Carlos Nunes expressou a esperança de que “Deus nos guie e nos ilumine”, reforçando o apelo à paz e à união do povo moçambicano.